O reajuste das tarifas telefônicas que será definido pela Anatel para entrar em vigor a partir do próximo dia 1o de julho pode provocar efeitos altamente nocivos para o setor de Telemarketing, gerando, como possível conseqüência, a redução de postos de trabalhos justamente num dos segmentos que mais absorve mão de obra no Brasil.
De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Telemarketing (ABT), o setor emprega, no conjunto, aproximadamente 500 mil pessoas, o que o coloca em primeiro lugar no critério de geração de empregos no segmento de serviços. Considerando que as despesas com tarifas telefônicas (e o pesado imposto que lhe vem agregado) representam aproximadamente 50% dos custos totais de uma empresa de telemarketing, pode-se imaginar o impacto desse reajusto no custo final das operações.
Segundo alerta Alexandre Jau, presidente da TMKT MRM, não é difícil prever a reação em cadeia que o reajuste deverá produzir. O aumento precisará ser repassado à empresa que contrata serviços de telemarketing e esta, por sua vez, deverá reduzir os jobs contratados para equilibrar as suas despesas. A redução de jobs tem como conseqüência direta a necessidade de enxugamento no quadro de profissionais, fechando, dessa forma, um círculo perverso que vai na contra mão das atuais necessidades do país, de gerar renda e emprego.
Na opinião de Jau, no lugar de penalizar um segmento claramente gerador de empregos, os governos (tanto federal quanto estadual, que se deslumbra com os impostos embutidos nas contas telefônicas na forma de ICMS) deveriam fomentar esse setor, por meio de mecanismos que possibilitem o seu crescimento. O presidente da TMKT MRM não está falando em benefícios ou transferências de recursos, mas no estabelecimento de condições condizentes com as dimensões e a importância desse segmento. Como exemplo de incoerência governamental e do descaso com o setor, Jau lembra que as empresas que realizam telemarketing, ou seja, que fazem uso intenso da telefonia, pagam o mesmo percentual de ICMS cobrado nas contas domiciliares.
Para alertar o governo federal sobre as conseqüências nocivas do reajuste para o setor, o presidente da Abemd, Efraim Kapulski, solicitou no último dia 17 audiência ao ministro das Comunicações, Miro Teixeira. No encontro, Kapulski procurará sensibilizar o ministro quanto à necessidade de se levar em conta também o impacto gerado pelo aumento para o setor de telemarketing, expressivo usuário da telefonia, nas discussões sobre reajustes das tarifas.