Autora: Mariella Gallo
No início do século XX especialistas esportivos defendiam a tese de que seria impossível algum atleta correr uma milha (pouco mais de um quilômetro e meio) em menos de quatro minutos. Por anos, a tese foi verdadeira e os atletas não conseguiam desmistificá-la. Até que, em 6 de maio de 1954, o corredor e estudante de medicina britânico Roger Bannister correu em 3 minutos, 59 segundos e 4 décimos essa distância. Dois meses depois, outro corredor baixou o tempo, no ano seguinte foram seis os corredores e nos outros anos mais de 300.
O exemplo acima fundamenta bem o que vem a ser chamada crença limitante. Antes de mais nada, é importante salientar que todos somos protegidos e de certa forma cercados por nossas crenças, como um muro que nos protege em determinadas ocasiões. São elas que determinam a maneira como percebemos o mundo e, consequentemente, nossas ações e comportamentos.
Dentro dessa visão, podemos dizer que crenças limitantes são aquelas que nos convencem de que não podemos ser, fazer ou ter alguma coisa. E elas podem ser bastante nocivas à nossa vida, ainda mais pelo fato de que, na maioria das vezes, elas são imperceptíveis para quem as tem.
Pensamentos do tipo “eu não consigo”, “eu não sou capaz”, “eu não posso fazer isso”, muitas vezes, têm raiz em algum acontecimento ou expressões ouvidas por pessoas durante alguma fase da vida, principalmente na infância ou adolescência, quando ainda está em formação o senso critico e os desafios ainda estão no começo. Assim, quando o indivíduo é defrontado com algo que lembra o sentimento e a emoção daquele episódio, a crença é acionada inconscientemente, funcionando como uma proteção.
Para “destravar” este mecanismo de proteção não há uma fórmula mágica. Em linhas gerais, o que se deve fazer é questionar a crença e começar a trabalhar as possibilidades. Afinal, a vida apresenta inúmeras alternativas e a situação que se apresenta é parecida com a da infância e não igual. São pressuposições, pessoas diferentes, outro lugar, outra data e outra maturidade.
Um precioso auxílio para conseguir tal processo pode vir do trabalho do coach que, por meio de exercícios e ferramentas “lúdicas”, ajuda a pessoa a identificar o que ativa o processo de “proteção”, que é a crença, em um ambiente seguro, no qual o cochee (ou cliente) poderá expor seus medos e sua forma de agir.
No caso de Roger Bannister, ele não se limitou ao que os outros diziam, aproveitou os seus conhecimentos de física, estudou os aspectos mecânicos da corrida e baixou o tempo. Uma vez quebrada a crença e demonstrado que era possível, outros foram lá e fizeram. No dia a dia, funciona da mesma forma, ou seja, temos que estudar os meios para superarmos os obstáculos que nos limita e, ultrapassados, focarmos qual é o próximo a ser quebrado.
Mariella Gallo atua como coach.