Hora das empresas saírem do armário

No Brasil, cerca de 18 milhões de pessoas já se assumem LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). No entanto, a diversidade sexual e de gênero ainda é tratada na sociedade e no mercado de trabalho de maneira preconceituosa. O estudo Demitindo Preconceitos – Por que as empresas precisam sair do armário, da consultoria de engajamento Santo Caos, aponta que 40% dos entrevistados já sofreu discriminação no trabalho por conta da orientação sexual. Ainda de acordo com os dados, 61% dos depoentes declararam ter alta, ou média influência ao escolher uma vaga em determinada companhia com medo da empresa não aceitar sua orientação.
Segundo Jean Soldatelli, sócio e diretor  de comunicação da Santo Caos, um em cada quatro LGBT foi influenciado por sua orientação sexual na hora escolher a carreira com receio de preconceitos.  “Em pleno século XXI é extremamente incompreensível que a pessoa mude a escolha da carreira por causa da orientação sexual. Alguns declaram, por exemplo, que o ambiente preconceituoso de certos segmentos considerados tradicionalmente machistas os acaba intimidando, e são fatores decisivos entre optar por uma profissão, ou outra. É algo irreal e que não pode mais existir”, afirma. O executivo revela que o medo de exposição é tão grande que de um a cada três pessoas recusou-se a responder a entrevista. “Mais de um terço das pessoas que gostaríamos de ter entrevistado não quis se expor por medo da instituição que trabalha reconhecer sua orientação sexual e, por conta disso, sofrer algum tipo de represália, mesmo que psicológica”, comenta.
O estudo ainda apontou que somente 47% revela a orientação sexual no trabalho, sendo que destes apenas 32% assumem para o chefe imediato e apenas 2% para o gestor de Recursos Humanos da empresa. Entre os principais motivos alegados para não se manifestarem estão: medo de discriminação; demissão ou dúvida sobre a capacidade profissional; falta de intimidade e por não sentir necessidade para expor vida pessoal. “Os profissionais LGBT não veem nas posturas dos líderes e até na cultura da empresa um modelo de apoio que precisam. Esse fator é um alerta de como as empresas precisam pensar além das políticas e investir em treinamentos, ações e em outros recursos que ajudem a abrir discussões saudáveis para tornar o ambiente cada vez mais favorável a diversidades Somente desta maneira os profissionais estarão, de fato, mais engajados com a companhia”, esclarece Soldatelli.
Além disso, a pesquisa também mostrou que em apenas 52% das empresas a postura era favorável à diversidade. “Quase metade das companhias brasileiras mostrou ter uma postura neutra ou desfavorável quanto a orientação sexual do candidato. Em hipótese alguma o gestor deve medir a capacidade do profissional por causa de sua orientação sexual, identidade ou expressão de gênero. Esse número é muito alto e mostra o quão atrasados estamos”, afirma.

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