Lei do mínimo esforço



Autor: Orlando Pavani Junior

 

É extremamente recorrente me deparar com pessoas e profissionais dispostos a “lei do mínimo esforço” ou ainda dispostos a darem o “mínimo minimorum” de sua capacidade, normalmente alegando que não foram contratados para fazer esta ou aquela atividade, nitidamente fora do escopo original de sua função, ou de que não ganham suficientemente para tanto! Raramente estas pessoas conseguem enxergar a oportunidade do aprendizado que está contida em todas as atribuições diferentes daquelas que normalmente executa-se com tranqüilidade!

 

O mundo corporativo, e até nas relações extra-profissionais (tais como nos relacionamentos afetivos, nos ambientes acadêmicos, etc.), cada vez mais demandam uma postura muito diferente do “comodismo” purista e irritante! A “moleza” precisa dar espaço a proatividade, é preciso encorajar os seres humanos a dizerem mais freqüentemente a expressão “me desculpe” (típica de quem toma iniciativa e realiza coisas, as vezes até erradas, mas realiza) do que a expressão “me dê licença” (típica de quem sempre espera que alguém lhe fale o próximo passo).

 

Eu como professor acadêmico, tenho aplicado um desafio que demonstra claramente esta tendência. Em minhas disciplinas costumo dizer a meus acadêmicos que espero 100% do empenho deles durante as aulas, da mesma forma que imagino que eles esperam 100% de meu empenho durante as exposições! Alinhado a estas expectativas aviso, logo de cara, que em minha primeira prova duas serão as notas possíveis, ou o acadêmico vai conseguir nota máxima (10) ou ele conseguirá a nota mínima (zero), sem a possibilidade de notas intermediárias! O acadêmico respeita, faz uma cara de desconfiança, às vezes resmunga um pouco, mas normalmente espera para ver que tipo de prova lhe será oportunizada!

 

No dia da prova, chega a ele um exemplar clássico com o formato de que existam 10 coisas diferentes a responder ou a demonstrar conhecimento, valendo cada uma das proposições 1 ponto, permitindo assim que, caso acerte 100% das proposições, ele consiga a nota máxima (10). A partir daí é que os problemas acontecem, pois se o acadêmico acertar, por exemplo, apenas 7 das proposições, sua nota será a mínima (zero)!

 

Assim que constato que ele acertou menos do que as 10 proposições digo a ele a seguinte frase: “Querido, você quase chegou lá, ou seja, acertaste apenas 7 das 10 proposições, portanto, se tudo se mantiver como está, sua nota final nesta avaliação será realmente “zero”! No entanto, tenho uma proposta a lhe fazer para viabilizar nosso acordo de que exijo 100% de você, ou seja, lhe darei mais uma semana para pesquisar as proposições que erraste no intuito único de dar-lhe mais uma chance de sair do “zero” e merecer seu 10. Se não conseguir nesta semana, dou-lhe mais uma, e mais uma, e mais outra, até o limite da data da segunda prova, para que consigas acertar com total perfeição as 3 questões erradas. Este é o preço para não merecer o “zero”, dedicar-se para acertar as três questões erradas! Topa?” E você, leitor, acha que os acadêmicos topam!?

 

O mesmíssimo exemplo aconteceria se ele tivesse acertado nove proposições e errado somente uma. Infelizmente, o que tenho constatado é que uma grande quantidade de acadêmicos não aceitam o desafio e pleiteiam fortemente (indo até, às vezes, as vias de fato) o merecimento pela nota que representa seu índice de acertos (7), sem desejar qualquer esforço adicional para reparar a deficiência de aprendizado (exemplificado pelas proposições respondidas erradamente).

 

Minha alegação sempre foi: “se a pessoa não está disposta a dar-se a chance de aprender o que errou, pelo meio do esforço individual obstinado, sequer merece a benesse do que acertou”!

 

Pense nisto!

 

Tirá-lo da zona de conforto e fazê-lo refletir e agir é a minha principal função. Você sempre é o único culpado por tudo de bom… e de ruim, em sua vida!

 

Orlando Pavani Junior é CEO da Gauss Consulting, empresa de assessoria instrumental e consultoria especializada. ([email protected])

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