Autor: Arlindo Casagrande Filho
O ano de 2010 está confirmando a expectativa de expansão dos negócios manifestada no final de 2009. Atração de investimentos mundiais para um Brasil eleito o emergente preferido, vendas internas no varejo subindo 5,9% segundo o IBGE, gastos record com viagens ao exterior superiores a US$ 6 bilhões e grandes fusões e aquisições em diversos setores da economia. Mercado aquecido, concorrência acirrada, crescimento disputado por gigantes … A mensagem de ordem no meio empresarial é criação de valor.
Para a maioria das empresas é mesmo um novo ciclo que se instala, produzindo aquele conhecido efeito “alavanca” no gráfico de evolução de suas performances históricas. Demandas novas, inovações tecnológicas, ajustes de processos e produtividade. Criatividade com a concorrência, competências recicladas e, acima de tudo, um novo estilo de liderança, com atributos redesenhados para esse momento. Baseado no princípio de que são as pessoas que dão vida às organizações, o estilo apropriado de liderança transformará a “causa” de crescimento em um significado de engajamento de todos na direção dos objetivos traçados, de forma perene e sustentável.
Há, entretanto, uma crise na busca de líderes com os requisitos alinhados ao DNA da empresa em fase de crescimento. Um amigo headhunter me confessou que em apenas um dia, fechou seis projetos de busca de líderes para posições executivas de primeiro escalão utilizando um perfil, segundo ele, escasso no mercado. Líderes, e não gestores de processos e controles. Líderes com seguidores e formadores de líderes, e não apenas “subordinados”.
Temos a crença, confirmada pela prática, em que a liderança requerida nos dias de hoje pelas empresas que desejam ser vencedoras de forma sustentável, baseia-se em três atributos: O líder deve ser inspirador, exemplar e gerador de valor.
A inspiração é a marca clássica da liderança quando consegue transformar uma idéia, em um plano compartilhado, em uma causa comum que estimule os liderados a serem seguidores entusiasmados e novos líderes da proposta. Vencer no mundo competitivo requer idéias inovadoras, para que sejam abraçadas como causa comum.
A postura exemplar torna-se cada dia mais essencial para que a credibilidade se instale e contagie as pessoas. O exemplo pressupõe valores que se expressam nas atitudes do líder, em sintonia com os princípios da organização e do time. É a velha lição de Kouzes e Posner, que diz: “Se não acredito no mensageiro, nem quero ouvir a mensagem”. Ou ainda a máxima, que diz: “A equipe segue primeiro o líder, depois o plano”. Eugênio Mussak conseguiu expressar o peso do exemplo da liderança com uma frase lapidar: “O que você é fala tão alto que não consigo ouvir o que você está dizendo”.
A criação de valor é o resultado da liderança. Há alguns meses conduzi um workshop com uma intrigante questão: ´Líderes para quê?´. E a resposta é exatamente essa. Primar por uma excelência inovadora nos processos é importante, mas o que garante o futuro do negócio são os resultados. Nos dias de hoje essa expressão de sucesso se dá pela criação ou agregação de valor – expressão econômica do market value ou do “valuation” de uma companhia.
Em síntese, as organizações têm vida porque são compostas por gente, e seus objetivos só se concretizam pela ação comprometida dessas pessoas, puxadas por uma liderança inspiradora, exemplar e criadora de valor. Quem crer e investir nessa direção se dará bem, garanto.
Arlindo Casagrande Filho é diretor corporativo de RH da CPFL Energia.