A IDC Brasil concluiu o estudo Brazil VoIP and its Impact on Communications Industry 2005, em que avaliou o cenário atual de telecomunicações e as principais tendências da tecnologia VoIP no País. De acordo com a pesquisa, apesar da complexidade e das incertezas que cercam o cenário atual de telecomunicações, os modelos de negócio dos provedores de VoIP estão cada vez mais claros, o que permite uma análise mais criteriosa das implicações dessas ofertas no mercado nacional. O surgimento de diversos provedores de Voz sobre IP e as fusões e aquisições previstas para os próximos anos serão, cada vez mais, responsáveis por uma mudança significativa no mercado de telecomunicações.
O estudo mostra que a redução de custos de telefonia é o principal incentivo para a adoção do VoIP, embora a tecnologia de Voz sobre IP ofereça possibilidades avançadas em termos de produtividade, mobilidade, segurança, entre outros diversos recursos. Entretanto, essa percepção de valor por parte dos usuários já mostra tendências de mudança, principalmente no segmento corporativo, responsável por cerca de 25% das receitas de voz das operadoras de telefonia fixa em 2004.
“O segmento corporativo será o setor mais atingido pelas estratégias dos provedores de VoIP, a médio prazo, causando maior abalo no cenário de telecom. As operadoras devem reagir de forma rápida com ofertas de voz sobre os serviços de dados já ofertados aos clientes domésticos e corporativos, e serviços de maior valor agregado, como Virtual PBX”, considera o analista de mercado Alvaro Leal.
Na avaliação da IDC, parte da receita dos serviços de voz (no que se refere às ligações locais e de longa distância) que está sendo perdida pelas operadoras em função de VoIP será recuperada como receita de dados, o que acelerará ainda mais a adoção de serviços de banda larga ADSL nos segmentos doméstico, SOHO e das pequenas empresas, além de alavancar a demanda por serviços IP avançados pelas médias e grandes companhias. Já uma parcela substancial desta receita migrará em definitivo para os provedores de acesso Internet (cable, rádio, satélite, etc), de infra-estrutura de rede (metro-ethernet, fibra ótica, etc) e de VoIP. No final, porém, uma parcela desta receita será realmente perdida no mercado, dada a economia que os usuários de VoIP terão com os custos em telecomunicações.
“Não há mais como excluir VoIP das estratégias corporativas, seja nas empresas participantes do cenário de telecom como provedoras ou nas companhias usuárias de tecnologia”, afirma Leal, que acrescenta, “Segundo nossa análise, o aumento dos provedores de serviço SCM que ofertarão VoIP a usuários domésticos e corporativos, a oferta de produtos VoIP realizada por provedores de Internet e de serviços e, por fim, os softphones gratuitos são fatores que já impactaram a receita das operadoras de telefonia em 2005 e este impacto tende a crescer nos anos a seguir”.
Na visão da IDC, as operadoras de telefonia devem iniciar ofertas mais abrangentes de produtos VoIP para os mercados doméstico e corporativo, aliadas a serviços de maior valor agregado, como integração entre Web, e-mail, e telefonia fixa e móvel a fim de ampliar a receita com as respectivas bases atuais de clientes. De acordo com a consultoria, as operadoras de telefonia detêm, em potencial, o melhor posicionamento para ofertar não apenas serviços de Voz sobre IP como também outros serviços convergentes.
Leal explica que a redução das despesas com telecomunicações decorrente do uso de soluções VoIP pode implicar num aumento parcial no tempo das ligações feitas pelos usuários domésticos e corporativos. “As tarifas reduzidas obtidas através do uso de VoIP devem estimular o uso de telefonia, reduzindo parcialmente a perda de receita pelo segmento de forma geral”.
Fabricantes de hardware e integradores, indica a IDC, têm um bom momento a frente, com a implementação de VoIP nas empresas gerando, por vezes, processos de reestruturação das redes de dados internas. Isso acaba por demandar não apenas a atualização da infra-estrutura de rede, mas também o know-how de consultoria e implementação, resultando em contratos de alto valor. Entre outras tendências, o estudo aponta boas oportunidades de negócios para os provedores de VoIP e integradores nos setores de Agronegócios, Óleo & Gás, Finanças e Manufatura. Em pesquisa realizada pela IDC com 785 empresas brasileiras usuárias de tecnologia, companhias destes verticais apontaram VoIP como prioridade nos investimentos para 2005. Vale destacar que o número de empresas que têm priorizado os investimentos em Voz sobre IP nesse ano aumentou 61% em relação a 2004.