Livro de pesquisadora brasileira aponta para adoecimento mental no Brasil e no mundo
Antes da pandemia, a população brasileira já estava entre as mais deprimidas do mundo, com 5,8% das pessoas afetadas pela doença que mais incapacita para o trabalho, contra 4,4% nos demais países. O país lidera também o ranking dos transtornos de ansiedade, com 9,3% dos brasileiros acometidos. Em 2018, a depressão era a segunda causa de pagamento de auxílio-doença no País (30,67%), depois dos acidentes de trabalho. Em 2020, esse percentual cresceu cerca de 20%.
As constatações fazem parte de estudo realizado pela especialista no tema, Carla Furtado, autora do livro “Feliciência: Felicidade e Trabalho na Era da Complexidade”. A obra chegará às livrarias em março e traz soluções de sustentabilidade humana para um dos maiores anseios das organizações nos últimos tempos: o que fazer diante de tantos afastamentos por ‘CID F’, o grupo de transtornos mentais e comportamentais.
“Muitas empresas limitam-se a perguntar quanto custa investir no bem-estar dos colaboradores. Eu costumo responder com outra questão: quanto custará não investir?”, indaga a pesquisadora que reuniu na obra pesquisas científicas e estudos em países como Canadá, Portugal, França, Emirados Árabes, Butão e Austrália.
Para ela, “os custos da infelicidade profissional estão escancarados. Só nos Estados Unidos, o prejuízo gerado pelo estresse da atividade laboral corresponde a US$ 300 bilhões por ano. As estimativas apontam que em 2030, o preço da normalização do sofrimento no trabalho deverá alcançar a marca de US$ 6 trilhões em todo o mundo, mais do que o dobro do registrado em 2010”. Por causa de projeções como esta, um dos capítulos do livro de Carla Furtado é sobre FIB, Felicidade Interna Bruta. que, segundo a ONU, é o novo paradigma de desenvolvimento socioeconômico, ou seja, a proposta de um índice de desenvolvimento que considere PIB, meio ambiente e bem-estar social.
300 milhões de pessoas
“O conhecimento não pode ficar restrito à academia. Compartilhar uma pesquisa que pode amenizar sofrimento é um compromisso ético. A depressão sozinha compromete cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, o impacto dessa força produtiva paralisada é um desastre social”, afirma a especialista..
A compreensão do bem-estar como estratégia de gestão é o primeiro passo proposto pelo livro, que toma o leitor pela mão e o conduz por um caminho real e urgente. “Isso não significa que a felicidade está embalada para presente como se fosse um produto de prateleira, nem mesmo que a solução seja transformar empresas em playgrounds para adultos. Não existem respostas simplistas para um dos mais complexos anseios da humanidade, mas a ciência já oferece saídas para a crise de sentido que têm levado uma multidão ao esgotamento”, diz a autora.
Surge um novo capítulo, repaginado pela ciência, que coloca as necessidades humanas como centro do protagonismo ocupado pela exaustão coletiva. “Se a felicidade como tema produziu até aqui bons contadores de histórias, está na hora de produzir, de fato, essas boas histórias”, provoca Carla Furtado.
Sobre a autora
Carla Furtado é uma das speakers mais requisitadas no Brasil para as temáticas saúde mental e bem-estar no trabalho. É mestre e doutoranda em Psicologia pela Universidade Católica de Brasília (UCB), especialista em Neurociência e Comportamento pela PUCRS, certificada em Liderança de Corporações Sustentáveis pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e em Felicidade Interna Bruta pelo Schumacher College (Inglaterra) e pelo Gross National Happiness Centre (Butão). É fundadora do Instituto Feliciência com operações no Brasil e em Portugal, professora da PUC-RS, pesquisadora científica na UCB. É precursora no Brasil da Certificação Chief Happiness Officer, que forma executivos em cargos estratégicos para a condução de iniciativas de bem-estar nas organizações.
Serviço
Título: Feliciência: Felicidade e Trabalho na Era da Complexidade
Autora: Carla Furtado
Selo Actual da Editora Almedina
Número de Páginas: 120
Disponível a partir de 1º de março de 2022
Sessão de autógrafos:
14 de março de 2022, das 19h às 21h
Livraria Cultura da Avenida Paulista, no Conjunto Nacional – São Paulo