O uso cada vez maior do termo em inglês Gamefication demonstra como o uso de jogos está mais presente em diversas atividades do dia-a-dia – incluindo treinamento e seleção de pessoas. “A ideia não é nova em si. O novo é a evolução dessa área, hoje bem mais desenvolvida que há alguns anos”, pondera Alfredo Castro, sócio-diretor da MOT, empresa especializada em treinamento e desenvolvimento gerencial, que utiliza os recursos lúdicos nos treinamentos que a empresas realiza para os clientes.
Ele afirma que desde os antigos jogos de tabuleiro até os modernos jogos eletrônicos de realidade expandida, a chave para a utilização dessa ferramenta é que as histórias que elas projetam envolvem as pessoas que estão sendo treinadas, criando um ambiente mais rico para que absorvam os conhecimentos e descobertas provenientes daquela experiência. “O Storytelling, por exemplo, é um dos recursos que privilegia o lúdico das atividades. Ele faz o uso de histórias para enriquecer conteúdos e envolver pessoas, por meio de recursos emocionais”, afirma. Isso porque é mais fácil lembrar de histórias do que de números e fatos. “Os jogos são uma forma de Storytelling, pois permitem discutir assuntos que nem sempre seriam possíveis em um ambiente mais frio e corporativo. Os envolvidos ficam mais engajados, sem se policiarem para dizer apenas o que é certo ou esperado, e expõem seus pontos de vista”, analisa Castro.
O sócio diretor da MOT destaca que quatro dos princípios do Storytelling estão presentes nos jogos que podem ser usados como atividade lúdica nos treinamentos: o propósito ou objetivo da atividade (e da história contada); o arco da história, ou a importância dos episódios da narrativa; o personagem extraordinário (e como ele percorre sua trajetória); e a dinâmica entre razão e emoção (ambas fundamentais também para a vida empresarial). Segundo ele, para que um jogo seja eficiente como ferramenta de treinamento, precisa abarcar esses princípios. “O lúdico e o lógico devem estar em equilíbrio.”
Entretanto, ele alerta que é necessário valorizar não o jogo, o resultado em si, mas sim avaliar a habilidade testada naquela situação e em como ela pode ser transposta para o ambiente corporativo. “O importante não é o recurso, mas o que se conclui depois do jogo”, ressalta. Castro enumera algumas habilidades que podem ser percebidas por meio de recursos lúdicos em treinamentos empresariais: estratégia, planejamento de recursos, interação com outras pessoas, adaptação ao ambiente, capacidade de comunicação e negociação. “O objetivo é avaliar o que ele aprendeu naquela situação e como pode usar isso no dia-a-dia. Só assim a aplicação de recursos lúdicos será eficiente nos treinamentos”, finaliza.