Gladis Costa
“Eu pensei que tudo estivesse bem. Eu mantenho uma política de portas abertas, qualquer um pode me acessar a qualquer instante, tudo o que eles precisam fazer é vir falar comigo”, um gerente de fábrica comentou comigo certa vez. A verdade é que este gerente não deveria mesmo estar assim tão confiante. A rotatividade dos funcionários está alta e na maioria das entrevistas de desligamentos, os gerentes e supervisores são apontados como ineficientes e muitas vezes, a causa destas demissões.
Muitos gerentes experientes exercem a política de portas abertas, porque esta é uma forma de manter a comunicação entre os funcionários. Estes gerentes querem se assegurar de que seus supervisores estão fazendo um bom trabalho com seus funcionários e isto facilita o acesso direto destes funcionários junto aos gerentes.
O acordo funciona bem, desde que o gerente não suprima a autoridade do supervisor. Ele ou ela deveria ouvir o problema, não sem fazer antes a seguinte pergunta: “Você já discutiu isto com o seu supervisor?” Caso contrário, o empregado deveria ser encorajado a utilizar esta rota. Normalmente, é apropriado trazer o supervisor à reunião ou algumas vezes, até trabalhar os três níveis na resolução do problema.
Os funcionários normalmente não falam com o gerente, a não ser que algo esteja errado. Um gerente consciente percebe isto antes e aprende a ouvir nas entrelinhas.
Aqui vão algumas dicas para checar se o canal de comunicação está aberto não:
1. Os empregados estão sempre reclamando ou fazendo perguntas. Se os funcionários estão apostando para ver quem consegue falar com você mais rápido, é porque há algum problema. Algumas vezes, isto acontece porque os supervisores podem ser fracos e delegar soluções ou decisões para sua chefia. Também pode haver algum problema de favoritismo: o funcionário não se sente fortalecido ou pode sentir que está sendo deixado de lado, e nesse caso pode querer procurar uma via alternativa para comunicar seus problemas.
2. Os funcionários nunca se queixam. Embora exista um provérbio que diz “no news is good news”, algo como “se não há novidades é porque está tudo bem”, o gerente não pode se descuidar. É hora de sair da sala e dar uma passeada para falar com as pessoas. Após algumas semanas de bate-papos e desenvolvendo relacionamento, os empregados podem começar a compartilhar seus problemas. Se isto não acontecer, aí sim, o gerente pode dormir tranqüilo. Às vezes, não há notícias e mesmo assim, tudo está muito bem.
3. Quando os empregados aparecem, trazem uma série de tópicos, antes de entrarem realmente no problema que querem discutir. Eles podem estar inseguros por acharem que o assunto não seja suficientemente apropriado ou com a possível reação que o gerente possa vir a ter. Nesse caso, um bom administrador precisa perceber o problema, o que pode levar algum tempo e fazer com que o funcionário se sinta confortável em compartilhar o problema.
4. Os funcionários que aparecem para conversar são sempre os mesmos. Caso isso ocorra, o gerente não deveria deixar passar este fato despercebido. O que será que está acontecendo nestes departamentos para que estes funcionários tenham que fazer uma visita constante?
5. Os funcionários ficam falando sobre esportes, tempo, família e nunca entram realmente no assunto. Isto pode ser uma boa ou má noticia, é importante prestar atenção. Se eles se sentem constrangidos ou com medo do gerente, provavelmente, vão se ater a tópicos superficiais. A conversa cairá em assuntos pessoais. Pode ser um sinal de que o canal de comunicação não está suficientemente aberto.
Gladis Costa é gerente de Marketing e Comunicação da HDI Brasil.