Floriza Auriet da Costa
Atualmente, talvez reforçado pelos programas de Reality Show, podemos observar um distanciamento ou uma nulidade nos gerenciamentos e suas equipes. Uma tropa de pessoas trabalhando por objetivos, mas sem sombra de equipes, se fossem corais cada um cantaria num tom ou uma letra diferente!
Pós-autoritarismo, após lutas sem fim em busca da democracia e agora livre do fantasma da ditadura podemos observar também todos estes reflexos nas empresas. Elas passaram por várias etapas e formatos de liderança, hora direitos exageradamente ressaltados pelo empregador e hora pelo empregado. Chegamos numa época equilibrada e mais consciente.
Formatos de lideranças tão comentados como situacional, autoritário, democrático, enfim, acredito que metodologia não se discute, pois estão todas entrelaçadas com o contexto, com o histórico do grupo e diretrizes do ramo, segmento e áreas, não é esta minha intenção com este artigo, o que pretendo destacar aqui é o comportamento acelerado dos profissionais que se permitiram de uns tempos para cá levar para salas de reuniões, e independente da ordem hierárquica, cultural e etária, se darem o prazer de fomentar comentários e brincar de Deus julgando com comentários negativos e críticos para todas as instâncias, de baixo para cima de cima para baixo, de pares, um caos de zig zags de avaliações sem critérios sérios, apenas a Boca miúda!
Questiono-me se o desenvolvimento e capacitação, uma informação maior de cada um e generalizada através de intranet e tantos outros recursos, mas separado e sem formação ética, possa de uma forma avessa ter dado a nova geração de profissionais uma interpretação errônea do verdadeiro sentido de palavras como competitividade ?
Entendo que competitividade possa ser definida como uma escala de desenvolvimento e a marca passo a passo de uma evolução individual, você sendo melhor que você todos os dias e não tendo que matar o seu colega para permanecer ou evoluir na vida profissional, conforme temos visto este modismo nos trabalhos de grupos!!!
Será que está faltando aquela famosa e conhecida, pelos que tem hoje mais de 40 anos, careta dos pais aos filhos quando ainda pequenos condenando-os pelos comentários sobre o alheio? Será que hoje as gerações atribuem esta responsabilidade para ser se retomada por uma matéria que trabalhe o movimento ético nas escolas? Alguém ainda cobra esta forma educada se se comportar? Quem nunca foi censurado ao perguntar para a mamãe, “Mãe, por que ele é assim”? Será que a falta total de censuras nos trouxe a este cenário de erros e desrespeito ao outro que observo hoje nas instituições de um modo geral?
Resultado, pessoas nocivamente atacadas, sensação de insegurança, uma necessidade de aprovação coletiva, desconfiança nas laterais e em si próprio, um desastre! O que está havendo?
Repasso a responsabilidade a cada um. O que se ganha criticando sem saber aonde chegar?
O que traz uma depreciação do outro? O que se espera com este comportamento? Busca-se o profissional perfeito? Você o é?
Cabe aos lideres, supervisores gerentes e demais cargos que são atribuídos à gestão de pessoas, profissionais este que esquecem que têm o livre arbítrio dentro de uma orla de autonomia, os regentes do clima das equipes por si conduzidas.
É silenciosa, mas desastrosa a maneira que se vem alimentando como correto o conceito de “entrega” de “deslealdade”, “difamação” e “depreciação”, será que perdemos na história no momento que procuramos a liberdade de expressão, valores que são importantes como honra, maturidade, cumplicidade e seriedade?
A proposta dos profissionais líderes, gestores de pessoas, deve ser questionada, e muito, nas promoções, contratações e ao exercício diário condução de pessoas.
Conhecimento técnico, acadêmico não é suficiente, deve-se questionar como fazia Henry Ford aos candidatos, o que se pensa sobre comando, qual é sua forma de conseguir dissuadir e persuadir?
Ao contrário do que possa se pensar, o prejuízo empresarial causado por comportamentos competitivos que ressaltam atitudes de inveja, depreciação e julgamento entre profissionais da mesma instância, é imenso, compondo as esferas do financeiro, psíquicos e morais.
As ações trabalhistas em sua maioria são advindas de mágoas, relapsos emocionais nas demissões sem justificativa, opções baseadas somente no aumento de produtividade sem relevar valores como a qualidade e continuidade, pois bem sabemos o quanto se demora para criar um profissional dentro de uma empresa e de uma filosofia e a descartabilidade de pessoas.
Caros profissionais que respondem por outros, observe a força que tem o exemplo. O quanto sua forma de agir resulta em comportamentos subseqüentes. Faça o teste, aja rispidamente e verá que o dia ficará pesado em sua sala, aja gentilmente e verá que brotam mais sorrisos, incorage-se, faça esta experiência!
Um atraso desmoraliza a equipe perante á horários a serem seguidos, um pagamento fora da data prevista, ou pequenos comentários como “Diga a este cliente chato que não estou” é impossível de ser recuperado o valor da importância de um cliente após esta atitude. Não terá curso de “Atendimento ao cliente” que recuperará este conceito!
Você se privilegia ou não de seus próprios comportamentos, ensine os seus seguidores a mentir e colherá mentiras, ensine a ele justificar-se e ele se justificará para com você. A sua ação toma impulso e assim ocorre o efeito bumerangue! Fale mal de alguém e com certeza o movimento antiético fará parte dos banheiros e cozinhas de sua empresa, o envolvendo inclusive, as pessoas acatam isto como direito de ação, mais ou menos assim…Aqui se pode falar mal do outro….todos falam….
Tente, teste, acredite nos seus valores e não sucumba a valores menores do que o seu.
Pare de brincar de fazer de conta que não tem esta responsabilidade sobre as costas, que não ofereceu estes valores morais em sua entrevista, acredite, não é de forma medíocre que se conquista lugares de respeito e importância.
A vida não é um programa aonde se concorre a prêmios se você ferrar alguém, ela é real e está sobre seu comando, você pode participar ou não deste jogo vergonhoso, pode levar vantagens a curto e médio prazo, mas em longo prazo NÃO…..como seus convidados no seu aniversário, eu também te desejo muitos anos de vida….e saiba que o The day after (o dia de amanhã) existe sim!Também profissionalmente.
Bom trabalho, desenvolvimento e reflexão a todos!!!
Floriza Auriet da Costa é consultora de RH para Call Center. ([email protected])