Ninguém está a salvo deles. Não há como negar, eles são o terror de qualquer profissional que usa a comunicação como ferramenta de trabalho. Apavoram o professor, o político, o palestrante e o profissional de atendimento. Não há aula, discurso, treinamento ou atendimento, por melhor que seja, que resista a eles. São os famigerados, os abomináveis, os detestáveis vícios de linguagem.
Um tipo de vício de linguagem na verbalização é a repetição constante de uma mesma palavra durante o discurso espontâneo, geralmente colocada no final da frase e expressa como pergunta ou exclamação.
Estas expressões são usadas toda vez que a pessoa sente necessidade de reformular a frase ou pensamento ou lembrar a palavra mais adequada para determinada citação. Usá-las é, na verdade, um auxílio para segurar a atenção do interlocutor na ausência de uma expressão verbal adequada. Elas se tornam um problema quando, pelo excesso de uso, são automatizadas e evocadas repetidamente ao final de frase, tornando a fala desagradável a quem ouve. Isto acontece para o bem ou para o mal com todos os atos motores que executamos e a fala não foge deste padrão.
Você se lembra quando aprendeu a dirigir, como todos os movimentos eram difíceis? Quantas vezes você deixou o carro morrer justamente quando o semáforo abria porque você tinha dificuldade em controlar a embreagem e o acelerador? Lembra? Esqueceu? Claro que esqueceu, a partir do momento que você coordenou o movimento de soltar a embreagem com o de acelerar isto deixou de ser problema, você não precisa mais pensar para realizar o movimento, pois seu cérebro reage automaticamente.
Com os apoios verbais acontece o mesmo, o cérebro automatiza o uso deles no final da frase e os evoca mesmo quando não são mais necessários, tornando-se um vício.
O que podemos fazer para nos livrarmos desse vício? O processo vale para todos os vícios. Em primeiro lugar precisamos nos conscientizar de que temos o vício. No caso dos vícios de linguagem, geralmente a pessoa sabe que tem porque alguém comenta, ela mesma não percebe a ocorrência. Para a conscientização do distúrbio é necessário obter o registro da fala, gravando em fita ou filmando e, em seguida, apresentar à pessoa e discutir. Pode-se também pedir a ela que faça a transcrição da sua própria fala.
O próximo passo é perceber na própria fala e, para isto é importante a ajuda de um “anjo-da-guarda” que aponte o exato momento da ocorrência do vício de linguagem. Para conscientizar e ao mesmo tempo corrigir, a pessoa deve repetir o que estava dizendo, mas sem o vício de linguagem.
Este “anjo” deve ser tão persistente quanto o anjo-da-guarda de verdade, pois são necessárias diversas intervenções até que a pessoa seja capaz de perceber a ocorrência do apoio verbal e consiga se corrigir sozinha.
Este procedimento pode ser aplicado nas situações do dia-a-dia se possível, caso contrário, pode ser feita uma simulação da situação para evitar constrangimentos aos profissionais ou prejuízo ao serviço.
Como em todos os vícios, são necessárias motivação e persistência, e na certa a recompensa virá na forma de mais prazer e segurança na comunicação.
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Luiza Carvalho – associada da Reisner Consultores
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