A reoneração da folha salarial, anunciada pelo Governo Federal, vai afetar de forma negativa o setor de telesserviços. Essa é a expectativa da Associação Brasileira de Telesserviços, ABT, que estima 100 mil postos de trabalho sendo fechados, com perda de massa salarial de R$ 125 milhões. A queda é de quase 25% nos postos de trabalho – o setor empregou 440 mil trabalhadores formais em 2016 – e o custo da receita com seguro desemprego é estimado em R$ 435 milhões. A retração afeta ainda na diminuição da arrecadação de impostos e aumento dos gastos públicos. Para o governo, o resultado deve ser uma queda de arrecadação de R$ 178 milhões por ano.
A desoneração foi adotada para reduzir os gastos com mão de obra e estimular a economia. A reoneração altera o regime de tributação atual, que prevê o recolhimento de 3% sobre a receita bruta das empresas, para novo recolhimento, calculado em 20% sobre o total da folha de pagamento. Com essa mudança, o aumento da carga tributária será equivalente a 8% da receita bruta das empresas, valor muito superior às margens de lucro do setor – que vão de 2,5% a 4,5%.
Desde que a Lei de Desoneração entrou em vigor, em 2012, foram gerados mais de 73 mil novos postos de trabalho, principalmente no Nordeste, que passou a responder por um quarto dos empregos no setor. Os investimentos em centrais de atendimento atingiram R$ 1,3 bilhão e 37 novas plataformas foram construídas. A medida promoveu aumento de 5,4% no salário médio do setor, com efeitos multiplicadores sobre a economia. De 2011 a 2014, o setor elevou a arrecadação do governo em R$ 261 milhões e ajudou a injetar R$ 4,6 bilhões em poder de consumo na economia.