Um novo mercado de telecom deve vir por aí



A principal fusão prevista para o mercado de telecomunicações provavelmente acontecerá ainda no primeiro semestre de 2008, ums vez que o governo está disposto a colaborar e, ao que parece, a união de duas das maiores operadoras de telefônia do país, Oi e Brasil Telecom, não deverá ser contestada pelos competidores. As operadoras rivais analisam maneiras de serem compensadas por esta mudança nas regras atuais.


A fusão das operadoras terá como resultado a companhia com maior capilaridade de rede do Brasil, além de um extenso backbone, o que permitirá à empresa não apenas um maior acesso ao usuário final mas também uma maior capacidade de transmissão. Além de já ser líder em suas áreas, a nova empresa se posicionará de forma importante em São Paulo, uma vez que ambas possuem operações de infra-estrutura na região por meio da Pégasus, Metrorede e Vant. “O novo mapa de serviços de comunicação móvel, banda larga e serviços tradicionais de voz e de dados para as redes fixas impactará nos competidores e nos usuários, uma vez que todos sentirão o reflexo desta união”, analisa Francisco Molnar, consultor sênior da Frost & Sullivan.


No cenário de voz fixa tradicional, a nova empresa será uma competidora poderosa, liderando o mercado com mais de 21 milhões de assinantes e pressionará inicialmente os pequenos competidores (espelhos e operadoras de cabo com ofertas de voz). Embora a Telefônica também deva estar atenta a uma possível ameaça, isso só deverá ocorrer com a implementação da portabilidade numérica (prevista para o segundo semestre de 2008), levando ao aumento de competição o que poderá beneficiar o usuário final no médio prazo.


Já no mercado corporativo, a Oi, que notadamente tem se posicionado mais próximo ao usuário residencial, será beneficiada por muitos contratos da Brasil Telecom com o governo, concentrando na nova empresa cerca de 40% das receitas do segmento. Para os clientes corporativos esta fusão significará uma maior concentração do mercado, menor competição e consequentemente maiores preços e uma menor inovação de serviços.


A empresa também se tornará líder de mercado nos serviços de banda larga, atingindo cerca de três milhões de usuários fixos e, aliada a estratégia de implementação de 3G e WiMAX, será a única empresa com a mesma abrangência da Telmex (Net – residencial/cabo, Embratel – corporativo/WiMax e Claro – móvel/3G) para a cobertura destes serviços. Isso deverá forçar a Telefônica a acelerar uma estratégia com a Vivo (mesmo que uma união mais comercial do que de operacional).


Telefonia Móvel – O fato da Oi ter adquirido as licenças para operar em 3G em São Paulo, permitirá uma abrangência nacional. Contudo, a nova empresa teria somente 16,5% de marketing share e com cerca de 20,2 milhões de usuários, a nova empresa só deverá pôr em cheque as três grandes do setor: Vivo, Claro e TIM no médio prazo. Para isso, ela deverá se valer da portabilidade numérica para uma entrada mais agressiva e uma estratégia bem sucedida em 3G.


Os usuários de telefonia móvel da Brasil Telecom seriam os mais beneficiados, pois a nova empresa ganharia em escala na negociação de handsets, que poderiam ser repassados sob forma de promoções e incentivos para aquisição e fidelização dos usuários. Além disso, a necessidade de uma proposta mais agressiva poderá definir pela continuidade da estratégia da Oi de comercialização de chips desbloqueados. “A empresa ganharia ainda em sinergia nas ações de marketing e possivelmente se valeria do ´brand´ mais forte: Oi”, conclui Andrés Sciarrotta, analista sênior para o mercado de telefonia móvel da Frost & Sullivan.

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