Autor: Edilson Menezes
Uma multidão de profissionais concorre à sua vaga. Você decide quem fica com ela…
Espere, senhor articulista, o senhor está enganado. Quem decide é o contratante, por meio da sua área de seleção! – argumentarão aqueles que discordam.
Você pode estar enganado:
Um dia, enfim ,você descobre que batalhou anos pela ascensão na carreira, culpou chefes que supostamente estavam emperrando seu caminho, acusou colegas de trabalho que bancavam os espertinhos e impediam seu crescimento, até constatar que investiu tanto tempo e energia procurando os vilões de sua história que acabou esquecendo de lapidar o herói: você.
Um dia, enfim, você aprende que o sucesso profissional não depende, como alguns pregam, de 5 ou 10 passos disso ou daquilo, tampouco dos CHA´s e muito menos dos segredos que alguma obra entusiasta ensinou.
Um dia, enfim, você se surpreende ao confirmar que passou 10 anos naquela empresa e tornou-se especialista na função. Este pretenso diferencial impediu que você ensinasse o que sabia para outras pessoas, por medo de “entregar de mão beijada e perder o emprego”. Mesmo assim, acabou descobrindo que não era assim tão insubstituível e a demissão bateu à sua porta.
Um dia, enfim, você percebe que 15 anos dedicados ao mesmo emprego, em detrimento do sonho profissional, geraram desgaste físico, porque quando o cérebro sonha e o corpo fica parado, é o segundo quem paga a conta.
Um dia, enfim, você repara que o dinheiro, aquele mesmo que outrora foi tão importante para você tomar decisões difíceis na carreira, ficou em segundo plano e a partir daí, enquanto vai inserindo ética, comprometimento, disciplina e excelência, o volume financeiro se acumula em sua conta.
Todas estas aferições, exceto por mínimas exceções, só acontecem quando a maturidade profissional se evidencia e infelizmente, a maioria dos jovens que compõem gerações tipificadas por letras como Y e Z, precisam de muito tempo e sofrimento para identificar os comportamentos que seus predecessores vivenciaram.
Temos, é claro, grupos gigantescos de jovens que não vivenciam nenhum dos problemas e pecados comportamentais que seus pais experimentaram. Mas, o que preocupa este humilde articulista, entretanto, é a maioria.
Você está lendo este artigo e se chegou até aqui, está provado que tem interesse por novos conhecimentos compartilhados por quem vivenciou o ambiente corporativo por mais de duas décadas.
Agora, responda com sinceridade, mesmo que a reposta mexa com sua estrutura familiar e comprometa a percepção sobre os próprios filhos:
Você conhece quantos jovens entre 18 e 25 anos que leem artigos sobre carreira toda semana?
Você conhece quantos jovens desta mesma faixa etária que se interessam pelo acompanhamento de novas notícias sobre os cenários político, econômico, social e cultural?
E você conhece quantos jovens que ainda não completaram 30 anos, mas já leram mestres como Alighieri, Saramago, Márquez, Assis e outros?
Digamos que a sua resposta seja positiva. Ficarei feliz e pedirei que ignore tudo que leu até aqui. Assumirei que estava completamente equivocado e mesmo reunindo a experiência literária de quem trabalha para grandes autores brasileiros, falhei!
Vamos supor, entretanto, que meus argumentos encontrem apelo em relação aos jovens de ambos os sexos que você conhece e com quem se relaciona. A realidade reflete a segunda opção? Então tenho um pedido muito sério a fazer.
Pense em dividir a sua experiência profissional com os mais jovens.
Compartilhe o sofrimento e a resiliência que foram necessários para encontrar a felicidade profissional. Não faça como os pais “da antiga” que omitem informações sob pretextos injustificáveis. Confira estes dois exemplos:
– Eu comi o pão que o diabo amassou. Meus filhos terão que se virar e descobrir tudo sozinhos!
Quando os filhos devem viver o desconhecido sem nenhuma bússola, seu sucesso será tão duvidoso quanto era para você interpretar esta palavra com apenas uma década de vida.
– Meu pai não facilitou nada para mim. Por que vou eu facilitar?
Seus pais não viveram a mesma época, pouco conheceram sobre tecnologia e não imaginaram que seria possível conversar em tempo real com alguém que estivesse do outro lado do mundo.
Contemple o mundo como o passado fazia e vai conseguir somente um presente desprovido de evolução. Ajude os seus filhos e pessoas mais jovens de suas relações a entenderem o título deste artigo. Há um momento na vida de todas as pessoas no qual não vai importar qual é a empresa ou as circunstâncias.
Ao encontrar a carreira que faz o ser humano feliz de verdade, o que realmente importa é viver a intimidade de realizar o sonho profissional. Do mesmo jeito que gostamos de privacidade com as pessoas que amamos, também a nossa missão profissional implora pelo direito de dizer:
Enfim sós…
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])