Por que as big techs estão preocupadas em democratizar o uso da IA que elas hoje dominam?
Autor: Vitor Roma
Na coluna passada usei a metáfora da corrida do ouro para ilustrar a frenética busca atual por soluções de inteligência artificial. Saímos do básico, como na história original, já que ajudar um cliente a correr para encontrar o ouro não é mais suficiente. Chegamos a um ponto em que o sucesso é definido pelo conhecimento ao encontrá-lo e explorá-lo, de maneira estratégica e com foco no cliente.
Os gigantes saíram na frente. Isto nos sugere uma constatação complexa. As startups foram, durante muito tempo, as responsáveis por boa parte da inovação que ocorreu ao longo de muitos anos no setor. Por que será, então, que os gigantes dominaram esse jogo?
As grandes empresas de tecnologia estão investindo bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento de IA, criando laboratórios de ponta e atraindo os melhores talentos do mercado. Essa corrida pelo uso de IA está gerando avanços exponenciais em áreas como aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural e visão computacional.
Nesse caso, ter dinheiro para testar hipóteses rapidamente faz toda a diferença. O mundo da IA muda a cada dia. A ferramenta preferida dessa semana pode não ser a mesma da semana que vem. Quem consegue segurar o nível de investimento constante nesse nível? As big.
As aquisições de startups de IA têm sido frequentes, permitindo que as grandes empresas incorporem rapidamente novas tecnologias e talentos à sua equipe. Essas movimentações são estratégicas e fortalecem o portfólio de produtos e serviços das companhias, consolidando sua liderança no mercado. Por exemplo, a cooptação da DeepMind pelo Google foi um marco no setor, trazendo avanços significativos em aprendizado profundo.
Outro aspecto a ser abordado é o da integração da IA em produtos e serviços existentes. Se há algo que esta tecnologia já trouxe para quem se preocupou com o foco em resolver problemas específicos é a maximização da experiência do usuário em produtos e serviços de grandes empresas. O que é potencializado nas BIG justamente pela capacidade de investimento específico em hipóteses de inovação.
Tome-se por exemplo a aceleração do uso de IA para potencializar a personalização das recomendações de produtos para cada cliente na Amazon, aumentando as vendas e a satisfação do consumidor.
As grandes empresas estão construindo plataformas e ecossistemas baseados em IA, permitindo que desenvolvedores e empresas criem aplicativos e serviços inovadores. Por exemplo, o Azure AI da Microsoft oferece uma ampla gama de serviços de IA para desenvolvedores, facilitando a criação de soluções inteligentes.
Essas plataformas democratizam o acesso à IA, acelerando a inovação e impulsionando o crescimento do mercado.
E por que as big techs estão preocupadas em democratizar o uso da IA que elas, hoje, dominam? Porque em um ambiente de inovação aberto e constante estas empresas sempre terão condições de absorver e potencializar os ganhos do processo inovador.
A corrida está apenas começando, e os gigantes tecnológicos estão investindo pesadamente para se posicionar como líderes nesse mercado. A capacidade de inovar, adquirir talentos, integrar a IA em seus produtos e serviços e construir ecossistemas robustos serão cruciais para o sucesso nesse novo cenário.
As empresas que não acompanharem essa evolução correm o risco de ficar para trás.
Vitor Roma é CEO da Keeggo.
