CEO da Kings Sneakers descreve os caminhos que o levaram a saber aproveitar a cultura urbana para fundar um negócio que não para de crescer
Recentemente, em matéria de destaque, a Forbes divulgou o trabalho do empresário brasileiro Igor Morais, fundador e CEO da Kings Sneakers, estampando o seguinte título: “Com R$ 300 ele criou uma franquia de tênis que fatura R$ 220 milhões”. Embora gerasse, não intencionalmente, uma polêmica pela impressão de que esse salto fosse um passe de mágica, abordava na verdade uma façanha que é resultado de mais de 25 anos de um criativo e resiliente caminho empreendedor, contando no livro “Nada vem Fácil”, escrito pelo executivo. Criado na região da cracolândia, por uma família de nordestinos que, mesmo de origem humilde, trazia para a capital paulista uma verve empreendedora que soube aproveitar, Igor desbravou o viés da cultura urbana do hip hop e do skate, difundindo a moda e o estilo de vida do gênero que já havia criado raízes desde os Estados Unidos a partir dos anos 80. Dessa forma, o fundador da Kings Sneakers alcançou hoje um ecossistema de lojas próprias, franquias e comércio eletrônico, que ultrapassa os 150 pontos de vendas, chegando a todos os Estados brasileiros. Trajetória essa que ele detalhou, hoje (10), ao participar da 755ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Filho de nordestinos pobres que se transferiram para a cidade de São Paulo com a decisão de realizar sonhos, Igor iniciou dizendo que pôde ver em seu pai a veia do empreendedorismo que o influenciou. Com a família se fixando em uma quitinete de pouco mais de 20 m², na deteriorada região central da capital, acompanhou o nascimento e crescimento da cracolândia. Por outro lado, também frequentava, na região central, a famosa Galeria do Rock, que atraía com suas lojas de roupas e discos jovens que afluíam praticamente de todos os bairros paulistanos. Foi por lá que seu pai iniciou sua meta de trabalhar por conta própria, começando com uma loja especializada em CDs de black music e rap.
Pouco antes do negócio da família fechar, Igor já havia começado a seguir os passos do pai, empreendendo na venda paralela de CDs, graças a um empréstimo de R$ 300,00 que ele conseguiu junto a um amigo. Em um ano, seguindo a regra mais simples dos negócios, que é a de ter onde comprar e saber onde vender, obtendo uma margem de lucro, ele já havia acumulado um capital de R$ 15 mil, mantendo uma das lojas do pai, de 18 metros quadrados, para se especializar naquilo de que já era fã: roupas e bonés no estilo streetwear, tudo conectado (na época, a partir das revistas importadas) com o que já era moda nos Estados Unidos, uma cultura hip hop puramente urbana difundida principalmente a partir dos anos 80. “Depois de alguns anos trilhando esse caminho, me deparei, em uma outlet da Nike, com uma vitrine cheia de tênis estilo streetwear, os quais, para mim, não se encontravam no melhor lugar para serem ofertados. Foi quando, utilizando todo o limite do meu cartão de crédito na época, consegui comprar oito pares , os quais, em minha loja, foram todos vendidos em único dia.”
Estava, dessa forma, dada a largada para a criação da Kings Sneakers, resultado hoje de 25 anos de empreendedorismo que frutificaram em muito aqueles R$ 300,00 emprestados para dar o primeiro passo. Pois, a partir da exponencial diferença de margem de lucro obtido com a venda dos tênis em relação à dos CDs, Igor exclamou: “É isso que eu quero para minha vida”. O que foi possível porque, no decorrer da história, houve um encontro de interesses totalmente inesperado. Igor era um expert nesse tipo de produto do qual a Nike há estava desistindo de trazer ao Brasil por falta de um parceiro estratégico que entendesse do conceito e do estilo, justamente o que ele podia oferecer. Disso nasceu uma parceria. “Foi aqui que se iniciou também a dura trajetória de aprendizado de quem quer empreender, o que me levou a escrever o livro ‘Nada vem Fácil’. Porque o crescimento, quando acontece, nunca é linear, mas resultado de muitos altos e baixos.”
A partir de 2006, a luta de Igor se concentrou em demonstrar o despropósito em que se configurava o fato do jovem brasileiro que não era do litoral nem sufista, por falta de opção, adotar o uso de roupas da moda originada do surf. Enfrentou essa batalha mostrando que havia espaço para o estilo urbano. “Graças ao sucesso do skate e outros elementos, o streetwear é hoje até mais que uma moda, mas um estilo de vida que ganhou o mundo todo.”
Na sequência, o CEO detalhou como enxerga o que considera os “pilares do business”, entre eles a formação de uma comunidade de consumo hoje bem mais facilitada pelas redes sociais, mas que ele criou a partir de feeling e esforço próprios. Mesmo sem estudo ou orientação especializada, estava intuitivamente criando uma cultura cliente de aproximação com o consumidor, oferecendo exatamente o que este desejava, ouvindo-o e falando sua mesma linguagem.
Ele pôde descrever também de que forma quebrou o paradigma ao acreditar no alcance da moda streetwear em todas as regiões do país, como soube usar a estratégia dos feedbacks com filtros para direcionar o desenvolvimento do negócio, como apreendeu a criar experiência do cliente que gera recorrência e de que forma escolheu o caminho do franchising para impulsionar o crescimento e a estratégia para oferecer gestão ao franqueado. Por fim, abordou ainda a atuação no e-commerce, completando um universo em torno de 150 pontos de vendas, além de esboçar projetos inovadores que começarão a sair da gaveta em breve.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 754 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA encerrará a semana amanhã (11), com o Sextou que debaterá o tema “Geração Z: Eles chegaram… E agora, como atender suas expectativas?”, reunindo, Camila Nunes, diretora de marketing e Prime da Amazon Brasil, Luiz Menezes, fundador da Trope, Renata Brigatti Lange, head de marketing do Bob’s, e Antônio Nakad, cofundador e CMO da NG.Cash.
