CEO da Charlie expõe estratégia para crescer rentabilizando ativos imobiliários por meio de uma experiência que alia tecnologia e humanização
Dentro da nova cultura global construída a partir da transformação digital, o mercado de locação de imóveis também vem passando por um novo e disruptivo quadro, que amplia as oportunidades de negócios. Foi nesse ambiente que, graças ao jogo de cintura proporcionado pela tecnologia, a startup Charlie surgiu, há dois anos, vislumbrando a possibilidade de materializar a rentabilização dos ativos imobiliários de investidores fazendo toda a gestão da experiência do cliente em locações temporárias e flexíveis vitaminadas, com serviços de hospedagem. O que inclui parcerias, de um lado, com incorporadoras que conduzem aos investidores e, de outro, com plataformas de locação, incluindo o Airbnb e similares. Com operações em bairros nobres da capital paulista e em Porto Alegre, a proptech já gere cerca de 10 mil apartamentos, por meio de tecnologia e de 110 colaboradores que sustentam o desafio da conexão permanente com os inquilinos. É a ressignificação do conceito de hospitalidade no mercado de locações, conforme explicou, em detalhes, hoje (27), Allan Sztokfisz, CEO e cofundador do Charlie, ao participar da 592ª live da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Iniciando pela história de concepção da propetch – plataforma que combina gestão de propriedade imobiliária com recursos tecnológicos -, Allan contou que a ideia foi fruto de uma longa trajetória dele e de seu sócio, Flávio Ghelfond, dentro dos mercados imobiliário e hoteleiro. Em 2007, dispostos a ousar no empreendedorismo, em uma época anterior à explosão das startups, criaram uma plataforma de locação de imóveis, inovando dentro dela de acordo com os ajustes que o mercado demandava. Assim foram avançando em iniciativas que enveredavam pela combinação de hotelaria e hospitalidade, o que lhes permitiu angariar um profundo conhecimento do cliente do setor, suas dores e demandas. “Até que chegamos ao momento de como transformar esse conhecimento em rentabilização, sempre de olho para onde o mercado brasileiro e internacional do segmento estava caminhando.”
Nesse processo, Allan disse que chamou a atenção a tendência global de inovação nos formatos de locação, seja por temporada, ou flexível, espaços mobiliados, entre outras, como alternativa aos tradicionais contratos por 30 meses, em imóvel vazio, etc. Por outro lado, foi detectada a existência de proprietários de imóveis e investidores que desejavam atender a esse público potencial, obtendo um ganho adicional. “Só que isso demanda muito trabalho, muita dedicação de tempo, pois a conexão com o inquilino é permanente. Foi nesse momento que vimos surgir uma oportunidade, a de cuidar de toda a gestão desse patrimônio locado. Dessa forma, o Charlie nasceu com a vocação de conectar essas duas partes. De um lado, o proprietário, que pode ser uma pessoa física com poucas unidades à disposição, ou um fundo investidor com operações em larga escala. E, de outro, o inquilino ou hóspede que usufrui da experiência oferecida na operação.”
Esse cliente, inquilino ou hóspede, é empoderado no sentido de decidir por quanto tempo será sua estadia no imóvel e quais tipos de serviços espera receber no período. Nesse modelo, Allan afirmou ser inviável a pulverização dos locais a serem geridos, razão pela qual surgiu uma outra figura a ser conectada para viabilização do negócio, que são as incorporadoras. Foi quando, nas primeiras parcerias nesse sentido, podendo oferecer a alternativa da proposta do Charlie nos lançamentos dos edifícios como um todo, percebeu-se que isso acelerou a venda das unidades. “Em resumo, é uma troca. Nosso negócio potencializa a comercialização dos imóveis, e a parceria com o incorporador nos permite chegar mais facilmente aos investidores. Tanto é frutífero que hoje já temos cerca de 40 desses parceiros, o que é essencial para o nosso negócio.”
Depois de explicar como se foi modificando o perfil do cliente da proptech durante e após a pandemia, o executivo disse que, atualmente, apenas 20% do seu público fica acima de 30 dias na unidade locada, constituindo-se dos que vem à capital paulista para desenvolvimento de projetos mais longos, momentos de transição de vida, etc. Os outros 80% se mantêm no tempo médio de uma semana, em um mix equilibrado entre visitantes a lazer e a negócios, o que aumentou com a flexibilidade proporcionada pelo modelo híbrido de trabalho. Nisso, ele detalhou as vantagens na relação custo-benefício, para o cliente, em relação à estadia nos hotéis. “Pela diversidade de locais onde temos nossas operações, nosso dia a dia tem sido o de buscar entender cada cliente de forma personalizada.”
Indagado sobre os maiores desafios em uma startup que cresceu de forma muito acelerada, Allan colocou em relevo a questão da resiliência inerente a todo empreendedor frente aos seus riscos e, principalmente, a necessidade de manter os colaboradores – cujo número triplicou somente neste ano – em uma cultura de empatia permanente com o cliente. “É necessário que a empresa como um todo conheça profundamente nosso público, entenda suas demandas e sinta na pele suas dores, para respondermos à altura. Mesmo porque, trata-se de um modelo de negócio novo que, mesmo tendo referências lá fora, possui características muito peculiares no nosso país.” Ao longo da live, ele ainda detalhou de que forma os times de tecnologia fornecem condições para a oferta da experiência em escala, em um negócio novo que atendeu, somente nos últimos 12 meses, mais de 70 mil pessoas, menos de um terço delas clientes recorrentes, além de esmiuçar de que forma a humanização do nome Charlie, representando uma pessoa lidando com pessoas, se resolve pelos processos de digitalização.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 591 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA encerra a semana amanhã (28), com o Sextou, que debaterá o tema “Quem são os consumidores das favelas?”, com os convidados Leonardo Ribeiro, diretor da Favela Holding e CEO da Comunidade Door, e Thomas Endler, head comercial da Muni no Brasil.