Presidente e cofundador da Justa descreve de que forma a fintech consegue ajudar os pequenos e médios empreendedores a alavancarem seus negócios
No Brasil, as PMEs respondem por 30% do PIB e por 80% dos empregos, mas ficam com apenas 7,5% de todo o crédito oferecido no mercado financeiro, segundo dados de entidades do setor. Foi observando essa correlação que executivos se juntaram para criar, em 2018, a fintech Justa, que atende empresas com faturamento entre R$ 15 mil a R$ 400 mil mensais, oferecendo crédito adequado às necessidades específicas de cada cliente. Com a criação do “score justo”, eles favorecem mais a quem aplica de fato os recursos efetivamente no próprio negócio, conforme detalhou, hoje (16), Eduardo Vils, presidente e cofundador da Justa, ao participar da 945ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA. “Toda a pessoa que for trabalhar com as PMEs, se gostar de servir gente, vai se dar bem”, afirmou logo de início Vils, contando que é justamente por isso que está há mais de 25 anos atuando na área.
Na sequência, voltando no tempo para falar da sua carreira até chegar na criação da fintech, ele reforçou que o cliente tem que estar no topo da pirâmide, com o fornecedor na base, sustentando tudo. “Quem tem que brilhar é o cliente”, destacou, contando que em 1999, trabalhando em um banco de investimentos, teve o insight de, aproveitando o boom da internet à época, criar um site de consultoria para pequenas e médias empresas. Ali ele percebeu que as dúvidas dos pequenos empreendedores eram tão básicas que sequer tinha coragem de cobrar pelas respostas. “Até que avancei para o site maior, o Business.com, com vários consultores que se cadastravam pelo genuíno prazer de dar essas respostas, indo além. Eles aproveitavam para, ao perceber a dor do usuário, dar conselhos personalizados.”
Mesmo com mais de 700 consultores cadastrados e mais de 80 mil usuários, ele não conseguiu monetizar o site. Porém, isso serviu para um grande aprendizado sobre as dores do pequeno e médio empreendedor por falta de informação, de educação financeira a técnicas de vendas, marketing, logística e todo o mais. A partir daí, Vils foi contratado para trabalhar em diversas empresas, sempre aproveitando seu conhecimento sobre a realidade do pequeno e médio empreendedor. Até que, como executivo em uma empresa de desenvolvimento de software, decidiu criar uma fintech para solucionar a principal dor das PMES, que são as soluções financeiras específicas. A ideia era, por meio do uso de tecnologia, facilitar o acesso delas aos serviços, sem as dificuldades dos agentes do mercado tradicional. A empresa cresceu e acabou sendo adquirida por uma grande player do mercado financeiro. Até que, junto com os mesmos sócios, decidiram criar uma startup que levasse soluções financeiras mais justas para os clientes.
“Com o propósito da transparência total nos negócios, fomos a primeira fintech a mostrar o custo efetivo de toda transação que o estabelecimento comercial tem em suas lojas. Começamos como meio de pagamentos, que era a forma mais fácil de tangibilizar e mostrar nossa marca. Em 2018, fundamos a Justa, deixando claro que ‘justa’ não significa necessariamente ser a mais barata, mas sim a mais adequada à necessidade específica de cada cliente.” A luta da fintech tem sido, segundo o CEO, mostrar ao pequeno médio que existem soluções eficientes para ajudá-lo a alavancar seu negócio.
Indagado sobre como conseguiram escalar em tão pouco tempo com uma empresa desconhecida, Vils respondeu que foi com a reputação conquistada junto aos primeiros clientes. Oferecendo uma experiência sem fricção e com soluções eficazes, eles geraram um boca a boca favorável, para qualquer cliente cujo faturamento seja acima de R$ 15 mil, em qualquer segmento. “Precisamos ter, em toda a nossa jornada oferecida, dados e fatos capturados via inteligência artificial para entender o perfil do nosso cliente. A multicanalidade hoje é fundamental porque cada cliente quer um tipo de interação.”
Houve tempo para o executivo descrever como a fintech veio desenvolvendo produtos ao longo dos seis anos de existência, começando pela maquininha e avançando para demais serviços. “Tudo baseado na injustiça que representa o mercado de crédito para a PME hoje no Brasil. Então, fazemos muita pesquisa junto ao nosso público para saber como podemos ir mudando essa realidade, oferecendo mais crédito.” Ele descreveu como funciona o “score justo”, exclusivo, e porque a empresa foi a primeira a oferecer Amex, entre muitos outros assuntos.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 944 lives realizadas desde março de 2020, em um acervo que já passa de 2,9 mil vídeos sobre cultura cliente. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA prosseguirá amanhã (17), recebendo Felipe Cunha, CEO da Vibe, que abordará a IA generativa a favor da saúde mental; na quinta, será a vez de Natália Calixto, diretora de gestão de valor do consumidor do Grupo Boticário; e, encerrando a semana o Sextou debaterá o tema “Cultura cliente: O desafio de encantar em grande escala”, reunindo Nathália Guarisi, head de gerenciamento de categorias, BI & Shopper da Danone, Adriana Gallego, diretora de customer service da Decolar, e Wesley Pena, gerente executivo de CX da Pague Menos.