A experiência do cliente dentro da economia criativa

Especialistas debatem os caminhos que podem levar às ideias inovadoras, permitindo aprimorar a CX

Muito se fala, atualmente, na força da creator economy, que nada mais é que a relevância adquirida pelos criadores de conteúdo no digital. Outra coisa bem diferente e dentro da qual se insere a creator economy é a economia criativa, conceito muito mais abrangente e que mostra que os criativos não atuam mais apenas nos setores de arte e cultura, mas também dentro das empresas. Ao se reunirem, hoje (15), na 853ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA, Luciana Guilherme, professora da ESPM, Lucas Foster, fundador e diretor geral da World Creativity Organization, e Luiz Alexandre Castanha, CEO da NextGen Learning, puderam descrever todo o potencial da economia criativa para gerar lideranças próprias de um ambiente colaborativo para o surgimento de ideias em prol de experiências cada vez mais surpreendentes aos clientes.

Abrindo a troca de reflexões, coube à professora Luciana oferecer uma visão geral do conceito de economia criativa, configurando-a como algo que tem em sua base a inventividade e a dimensão simbólica da nossa cultura. Por isso, na sua visão, quando se pensa nesse conceito, todos os setores da sociedade estão envolvidos, da economia às artes, entretenimento, literatura, audiovisual, o mundo gamer, etc. Ou seja, economia criativa não é um setor, mas um campo abrangente que se relaciona com o restante do espectro econômico contribuindo, por exemplo, com novos processos, novas tecnologias e novos modelos de negócios. “Em suma, temos profissionais criativos que trabalham em setores essencialmente culturais, assim como temos profissionais criativos trabalhando na indústria tradicional. Isso é economia criativa e as empresas estão dentro disso.”

O que levou Lucas a entrar nesse universo da gestão corporativa e responder uma questão da audiência, lembrando da importância de se entender em que se constitui a palavra cliente. Para ele, ter clareza sobre como as pessoas na organização concebem o termo “cliente” é fundamental. “Depois, saber como servir esse cliente, pois a forma como a cultura brasileira foi forjada com tanta desigualdade social acabou formando uma visão muito equivocada sobre isso. Porque nossa sobrevivência depende do ato de servir, aquilo que nos proporciona emprego e renda. Por essa razão, precisamos ressignificar a palavra ‘servir’ e isso se dá por meio de uma nova compreensão das relações entre a organização e seu ecossistema, envolvendo principalmente os clientes.” Para o executivo, todo esse raciocínio leva em conta a relevância das ideias fluírem com liberdade dentro das empresas, exigindo confiança e harmonia entre lideranças e colaboradores. Ele ainda resumiu o conceito de liderança criativa, que cresce em todo o mundo, gerando ambientes colaborativos onde a tensão causada pela necessária competitividade é mitigada por uma lógica interna de criatividade para servir, entregando melhores experiências aos clientes.

Enquanto Alexandre, nessa mesma linha, explicou, por meio de exemplo concreto, como os japoneses, já há mais de 30 anos, vinham em busca de engenheiros brasileiros – inclusive financiando seus estudos aqui. O intuito era levá-los ao seu país e, assim, contar com pessoas de outras culturas, criando uma diversidade de pensamento para potencializar a economia criativa. Na sua concepção, o brasileiro tem o DNA da criatividade. E concordou com Lucas no sentido de que, no Brasil, a criatividade tem de se manifestar com fluência e compartilhamento de ideias dentro das organizações, por meio de lideranças que ofereçam mais espaço e não apenas as antigas e superadas caixinhas de sugestões. “A dinâmica atual é muito acentuada, pois as marcas e os clientes estão mudando com muita rapidez. Então, pensar de maneiras diferentes é crucial, tornando-se necessário fomentar isso em um ecossistema que corresponda.”

Na sequência, os convidados responderam outra questão do público, desta vez sobre a diferença entre economia criativa e creator economy. De acordo com Lucas, o segundo termo está dentro do primeiro, pois a creator economy se refere tão somente à criação de conteúdo. Enquanto Alexandre complementou ao considerar uma verdadeira revolução essa forma pulverizada de distribuir conteúdos, surgida com os influencers, que, por sua vez, ajudam a construir a economia criativa. Ainda houve tempo para Luciana descrever as várias vertentes e verticais que brotaram da mudança provocada pela aceleração do digital no pós-pandemia. Para a professora, a economia criativa, ao mesmo tempo em que multiplica as possibilidades, gera também novas dúvidas, pois sequer se sabe hoje o que se desenvolve de forma orgânica e o que tem de ser impulsionado para se tornar conhecido. Além de ser, de forma complexa, inclusiva e não-inclusiva ao mesmo tempo.

Houve também unanimidade, entre os três, em considerar que as empresas já estão remodelando a forma de se comunicar e agir dentro da economia criativa. O bate-papo ainda passou por temas como o desafio de construir relacionamentos e conexões duradouras em meio a tantas opções, a importância de levantar perguntas a partir da escuta ativa sobre o cliente para o surgimento de ideias, entre outros. O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 852 lives realizadas desde março de 2020, em um acervo que já passa de 2,6 mil vídeos sobre cultura cliente. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA retorna na segunda-feira (19), trazendo Adriano Capobianco, diretor comercial da Partage Malls, que falará da aposta na experiência em toda a jornada do cliente de shopping center; na terça, será a vez de André Jatene, superintendente executivo do Banco Sofisa; na quarta, André Tavares, diretor de operações e relacionamento da FTD Educação; e, na quinta, Patricia Menezes, diretora de excelência comercial na Kimberly-Clark Brasil.

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