A verdadeira disrupção ocorre quando a economia digital abraça a inclusão financeira
Autor: Willian Domingues
Transformação digital – essas duas palavras vêm reverberando nos corredores de grandes instituições. Afinal, quem estará à frente dos pagamentos digitais? Essa é uma questão que ainda se busca uma resposta concreta. Todos entendem que uma transição substancial é iminente, e com certeza, os campeões desse jogo serão poucos e poderosos. Já vimos isso em outros momentos das ondas dos bancos digitais.
As transações P2P (peer-to-peer) e P2M (peer-to-market) estão no centro dessa nova onda. Não por menos, os pagamentos P2P e P2M possuem um potencial gigantesco. Novos players, incluindo titãs de tecnologia e startups ágeis, estão correndo para dominar essa onda.
Em meio a essa competição acirrada, empresas com um forte foco em aplicações de mensageria emergem com uma vantagem estratégica. Essas empresas já possuem um relacionamento robusto com os clientes, aguardando apenas a introdução de novos recursos, como o de pagamentos.
Quando falamos de transações P2P e P2M, estamos lidando com uma jornada financeira compacta e ágil. Empresas antes vistas como periféricas ao setor financeiro podem agora se tornar centrais na definição do market share, seja por iniciativa própria ou por meio de parcerias com plataformas bancárias digitais.
No palco internacional, vemos empresas de tecnologia como a Apple e outras com forte interesse no mercado financeiro, dando sinais claros de sua intenção de dominar este campo emergente.
As plataformas de mensageria possuem um apelo incontestável, especialmente em mercados emergentes onde a internet pode ser um recurso escasso.
Num cenário de telecomunicação mais desafiador, plataformas mais sofisticadas tropeçam porque seus sistemas podem necessitar uma boa performance, diferente de quando falamos de aplicações de mensageria. Em muitas dessas plataformas um simples toque na tela do smartphone pode desencadear uma transação financeira rápida e segura, com um aplicativo de mensagens ativo 24 horas por dia.
Todas as empresas focadas em mensageria vêm se preparando para novos desafios, e estão prontas para se aventurar no mercado financeiro, uma vez que já são líderes no mundo das mensagens.
Se olharmos para o cenário global veremos que em regiões como a Ásia e a África, plataformas de mensageria + pagamentos digitais começou a se manifestar e crescer. A América Latina segue o mesmo caminho. Só não podemos esquecer que também há o envolvimento das autoridades reguladoras com as plataformas de pagamentos digitais e estão incluindo novos elementos nesse mercado.
A verdadeira disrupção ocorre quando a economia digital abraça a inclusão financeira. Ao facilitar as transações P2P e P2M, as aplicações de mensageria estão não apenas tornando as transações financeiras mais acessíveis, mas também dando um passo significativo em direção à democratização do sistema financeiro.
No entanto, o caminho para a supremacia nos pagamentos digitais não será isento de obstáculos. Desafios em termos de segurança, privacidade e conformidade regulatória são considerações reais que precisam ser cuidadosamente abordadas à medida que essas aplicações continuam a desenvolver suas soluções de pagamento.
A digitalização da economia é uma batalha que ainda está sendo travada, e a paisagem dos pagamentos digitais está em constante evolução. Empresas que levaram anos para construir uma base sólida de usuários agora estão se perguntando como podem se transformar em bancos digitais. Com engajamento e usuários em suas bases, seu maior desafio já foi superado.
Com tantos players interessados, essa corrida está longe de ser decidida. Prepare-se para mudanças no mapa dos pagamentos digitais.
Willian Domingues é CIO na Paschoalotto.