Depois de um período de forte crescimento, o Brasil vem nos últimos anos dando alguns sinais de alerta. Ainda não é uma crise. Porém, a economia já não demonstra a mesma força de outros tempos, reforçando a tese de que está na hora de mudar. Como? Incentivando a produtividade, concretizando a promessas de reformas e ampliando o investimento na capacitação da mão-de-obra, como levantaram os debatedores do primeiro painel do XII Encontro com Presidentes, realizado hoje (27), em São Paulo. “Estamos passando por um momento de reflexão, em que é importante levantar as questões que afligem nosso desenvolvimento. Não é criticar por criticar, mas apontar os caminhos”, destaca Miguel Ignatios, presidente da Fenadvb, que moderou o debate.
A partir da experiência conquistada ao longo dos anos nos diversos cargos que ocupou na área privada e pública, o deputado estadual Vitor Sapienza reforçou essa tese ao afirmar que a culpa pelo Brasil estar na situação atual é de todos, que não soube pressionar o Governo. “De certa forma, somos os culpados pelo que aconteceu no País, pois não houve oposição, seja por comodismo ou medo”, afirma. Na opinião do deputado, é preciso ter coragem para enfrentar os problemas e mostrar o que está sendo feito de errado. “Como exemplo, temos o problema educacional, em que o Governo investe milhões nas faculdades públicas sem se dar conta de que forma isso está sendo gasto.”
Ainda sobre educação, o country manager da Englishtown Brasil, André Marques, colocou a capacitação como alavanca primordial da produtividade. “No ranking mundial de competitividade, O Brasil está bem atrás, mesmo tendo passado por um período brilhante de crescimento do PIB. A questão é a falta de formação na base”, alerta. Na visão dele, o pouco investimento no capital humano acaba fazendo com que o País tenha pequenos ciclos de crescimento, seguido de crises. “Existe saída, mas ela passa pela capacitação e aumento da produtividade.” Trazendo essa questão para a área de gestão de clientes, Lucas Mancini, presidente da Voxline, disse que a mão-de-obra chega cada vez mais despreparada. “Me preocupa essa questão do o capital humano. Não vejo nada sendo feito para mudar o atual quadro. Todos sabem que para o País crescer é preciso inovar, mas isso só vem com capacitação.”
VISÃO OTIMISTA
Apesar do cenário não tão favorável, Sergio do Monte Lee, managing partner da Maksen para América Latina, com base na vivência em diferentes continentes, tem uma opinião um pouco diferente. “Estou menos pessimista. O que vejo é um Brasil ainda forte, com muitas oportunidades de negócio.” Como exemplo, ele cita a unidade brasileira da empresa que tem projeção de maior crescimento entre todas as operações. “Estamos atravessando um momento difícil, mas o País tem fundamentos e capacidade de passar por essa fase”, acrescenta. Na mesma linha, Mancini também colocou que há muitas possibilidades para o Brasil, pois tem recursos e capacidade, mas resta saber ativar todos esses fatores. “O começo do próximo ano será decisivo para saber o que vai acontecer com o Brasil nos próximos quatro anos.”