ClienteSA News debate o crescimento da economia prateada e reação das empresas
O Brasil está envelhecendo de forma acelerada, abrindo caminho para o crescimento da chamada economia prateada, formada pelos 50+, que representam alto potencial de consumo e uma força de trabalho valiosa. Entretanto, isso está pegando de surpresa as empresas, que estão demorando para se adaptar, tanto na oferta de produtos e serviços personalizados, como no aproveitamento de sua experiência para o trabalho. Essas são algumas das reflexões que fizeram parte da 32ª edição do ClienteSA News. Realizada ontem (18), a live contou com a presença de Clea Klouri, sócia fundadora do Data8 e Silver Makers, Fabiano Schneider, diretor executivo de performance e atendimento do Banco Mercantil, e Cristián Sepúlveda, CEO da Silver Hub e Apex America, recebidos pelos cohosts Vilnor Grube, CEO da ClienteSA e VP da Aloic, e Wellington Paes, fundador e CEO da Conexão Customer.
Sócia de duas empresas especializadas no tema da longevidade, Clea iniciou o bate-papo assegurando que estamos vivendo, no mundo inteiro, uma revolução da longevidade. “O Brasil, que sempre foi tido como um país jovem, hoje já pode ser considerado maduro, pois mais de 25% da população brasileira é 50+, significando 55 milhões de pessoas que representam um grande potencial de consumo.” Segundo ela, a sociedade caminha de forma acelerada para o envelhecimento e isso é devido a alguns fatores. “De um lado, os casais não querem ter mais filhos – a média, que era de 6 filhos por mulher caiu para 1,7 – e, de outro, está o aumento representativo da expectativa de vida, hoje na faixa dos 73,2 anos com tendência de crescer ainda mais. Isso quer dizer que o Brasil tende a se posicionar entre o sexto país mais velho do mundo até 2050.”
Na opinião da executiva, o fato do mercado ainda não estar tomando iniciativas em torno dos 50+ se dá por ser algo ainda muito recente. Como resultado, Clea indica que 54% desse público se ressente da falta de produtos e serviços voltados especificamente para eles. Da mesma forma, se queixam também da falta de oportunidades de trabalho, mesmo com muita experiência e vontade de contribuir.
Na sequência, respondendo uma questão levantada por Wellington, se os 50+ estão se atualizando, conectados, ou ainda esperam os produtos e serviços de antigamente, Cristián tomou a palavra, respondendo que isso depende muito da faixa etária, mas que, no caso dos cinquentões, mais de 70% deles têm já contato com a tecnologia. “São pessoas que podem contribuir muito com as empresas, dispostas e precisando trabalhar, sendo que o preconceito, muitas vezes, vem mais da parte dos clientes, que preferem contatos com os mais jovens por acreditarem serem mais ágeis no entendimento, o que não é uma verdade. Por isso, precisamos fazer um trabalho de conscientização em torno desse problema.”
Por sua vez, complementando as considerações dos colegas, Fabiano disse que a questão dos 50+ se divide com diferenças entre 60+, 70+, etc. “Ainda mais no Brasil, a predisposição para abertura de absorção das pessoas nessas faixas etárias, envolve também classe social, escolaridade, etc., incluindo os extremos das localizações geográficas. Não dá mesmo para colocar tudo na mesma régua, na mesma caixinha.” Falando da expressão prática disso na jornada financeira do Mercantil, de um ano para cá, dobrou o uso do digital, de 35% para 70% em relação ao físico. “Percebemos, então, que esse público quer sim se autosservir, possuir autonomia, ter dignidade, não precisar de alguém para ajudar e por aí em diante.” Quanto à contratação dos 50+, o diretor assegurou que o desejo do banco é poder contar com eles e, para isso, vem se estruturando.
O debate seguiu, de forma bastante interativa com a audiência, refletindo com exemplos práticos e reais sobre outros pontos, como a questão da economia prateada sendo matéria de estudo nas universidades, a mescla da experiência dos 50+ com o aprendizado de tecnologia, entre muitos outros. Tudo isso pode ser conferido, na íntegra, no vídeo disponível no YouTube, no canal ClienteSA Play, compondo um acervo em cultura cliente que já passa de 3,2 mil vídeos.