O ditado diz “O cliente sempre tem razão”, mas a realidade diz que é preciso saber filtrar e analisar as oportunidades que cada experiência com o cliente traz, não apenas para contornar problemas, mas para aprimorar processos, bem como produtos e serviços atrelados a eles. No varejo, pelas suas particularidades, esta rotina requer clareza de foco, dinamismo e simplicidade. É o que diz o consultor em gestão do relacionamento com clientes e diretor executivo da V2 Consulting, Vladimir Valladares, contextualizando que a frequência de consumos em um estabelecimento, atrelada à diversidade de produtos ou serviços que podem ser consumidos, bem como a livre escolha do cliente sobre com quem falar e o que falar – tornam a empresa mais vulnerável no relacionamento. “É preciso a adotar estratégias e rotinas diferenciadas que permitam identificar o perfil e as preferências dos consumidores e estabelecer um plano de adequação dos processos internos, dos programas de capacitação e até mesmo do perfil dos funcionários”, declara o consultor.
Estudo recente da A.T. Kearney, indica que o setor ainda ignora dados sobre os hábitos dos clientes. Segundo o levantamento, menos da metade dos varejistas sequer pensa em coletar essas informações e apenas 8% consideram relevante os dados vindos do comportamento de seus clientes na internet. Resultados que mostram um atraso considerável a ser recuperado.
“Infelizmente, a maioria das empresas ainda não compreendeu a importância de direcionar os seus processos, incluindo seus canais de atendimento, pelos hábitos de consumo dos clientes. Há ainda uma falsa ideia de que isso é somente para satisfazer o cliente, quando na verdade o grande objetivo é alavancar vendas, na medida em que é o consumidor quem decide onde realizar as suas compras e ele sempre tenderá a escolher o local que melhor o compreende, ou melhor, o agrada”, relata Valladares, que complementa que “as relações de consumo se tornaram mais complexas nos últimos anos e tentar atender a todos da melhor maneira, sem clareza de propósitos, pode não ser suficiente para atrair e reter consumidores” e alerta ainda para a concorrência feroz entre pequenos e grandes varejistas, onde também se inserem lojas virtuais e o aumento de consumo por este canal.
Para o consultor, mais do que criar canais específicos de atendimento, integrar e capacitar todos os funcionários da linha de frente, a gestão do negócio, mesmo que um pequeno varejo, precisa se profissionalizar e usar metodologias disseminadas de gestão de processos e informações, que permitam decisões ágeis e acertadas para corrigir rumos e sustentar-se em um mercado cada vez mais competitivo.