Preencher cadastros complexos para comprar ou trocar mercadorias e acessar descontos é a principal dificuldade apontada
Enquanto o consumo das famílias foi um dos principais fatores responsáveis pela alta de 1% no PIB do país no primeiro trimestre de 2022, os brasileiros ainda sofrem com um entrave na hora de comprar bens e serviços: a complexidade para provar quem são. A constatação é extraída da pesquisa “Qual o custo de provar que você é você”, realizada pelo Instituto Locomotiva a pedido da Unico, especializada em identidade digital. Da aquisição de um produto em uma loja a troca de titularidade em contas de luz, gás ou serviços de telefonia, 81% da população afirmam ter enfrentado alguma dificuldade relacionada à comprovação da própria identidade em situações de consumo. A necessidade de fazer cadastro, por exemplo, foi a razão pela qual 42% das pessoas já desistiram de fazer alguma compra.
De acordo com o levantamento, 61% garantem que perderam dinheiro devido à burocracia na hora de consumir. Quase metade (48%) dos respondes já pagou mais caro em uma compra on-line porque não quis perder tempo criando cadastro em uma nova loja. Deixar de usufruir de desconto ao qual tinha direito em lojas, estacionamentos e farmácias por não estar portando documento de comprovação no momento é citado por 36% dos entrevistados.
Oito em cada dez afirmam que já perderam tempo ao ter que ir presencialmente contratar ou alterar um plano de consumo de telefonia. Sete em cada dez afirmam que tiveram prejuízo porque não conseguiram comprar, vender ou alugar um automóvel, por não portarem um documento de identificação na hora de realizar essa tarefa.
O estudo, que ouviu 1.561 pessoas, em todo território nacional, com mais de 18 anos, das classes A à D e com acesso à internet, registrou ainda que 49% deixaram de trocar um produto/ mercadoria pela necessidade da apresentação da nota fiscal / por não ter mais a nota fiscal; 35% deixaram de retirar ou receber alguma mercadoria por não estar com seu documento na hora; 36% tiveram que ir presencialmente contratar / alterar um plano de consumo de telefonia porque precisava apresentar algum documento; 34% deixaram de alterar a titularidade de uma conta de consumo (luz, água, telefonia, gás etc.) por falta de documento e 19% não conseguiu comprar/ vender/ alugar um automóvel por não estar com um documento de identificação na hora.
Fatos e soluções
A pesquisa também revelou que 90% da população brasileira, se pudesse, resolveria tudo pela internet e, para 85%, é mais fácil resolver burocracias on-line. Além disso, sete em cada dez brasileiros são a favor da utilização de formas digitais de identificação, como o reconhecimento facial, para acessar lojas ou serviços de sua escolha.
Para Paulo Alencastro, VP executivo e cofundador da Unico, os dados revelados pela sondagem apontam o enorme potencial de crescimento que segmentos como o de varejo poderiam ter com a ascensão de tecnologias de identidade digital. “A adoção da ID digital em diversos setores da economia tem o potencial não apenas de tornar as transações mais seguras para pessoas e empresas, mas também de tornar mais simples a jornada de consumo, facilitando o acesso da população a bens e serviços”.
Enquanto, na avaliação de Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, “os consumidores já enfrentam muitos desafios relacionados à renda e ao custo de vida no dia a dia. Por isso, é fundamental que a experiência de compra de bens e serviços seja mais simples e prática para os brasileiros. É errado pensar que no século XXI a experiência de compra se dá como no século XX. O consumidor mudou e a experiência de compra tem o desafio de acompanhar essa mudança”.