Qual o comportamento do consumidor brasileiro frente à crise econômica mundial que também atingiu o Brasil? Como pretende alocar a renda extra que receberá no final deste ano e como planeja administrar o orçamento em 2009? Para avaliar essas e outras questões, a TNS InterScience realizou um estudo, no início deste mês de novembro, junto a 1.250 pessoas com mais de 18 anos das classes A,B,C e D (critério Brasil), residentes em cinco capitais brasileiras: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre.
O levantamento detectou que a maioria dos entrevistados (56%) acredita que o país será totalmente afetado pela crise mundial. Praticamente a metade dos pesquisados (49%) argumenta que, apesar das medidas anunciadas pela equipe econômica nas últimas semanas para conter o impacto da recessão no mercado interno, dificilmente o governo conseguirá controlar os reflexos negativos no consumo. Somente uma parcela menor de otimistas (24%) acredita que o governo Lula fará o possível para proteger e manter a economia distanciada do quadro internacional.
“O consumidor brasileiro mostra-se bastante pessimista ou não tem clareza do que poderá acontecer em 2009. No plano pessoal, praticamente a metade (46%) dos entrevistados acredita que os planos serão em parte ou totalmente afetados no ano que vem e outros 27% ainda não têm uma percepção clara do que poderá acontecer”, diz Ivani Rossi, diretora de planejamento da TNS InterScience. Segundo ela, os sinais de contenção já são perceptíveis no setor de serviços, especialmente no turismo. “Neste mês de novembro, as vendas de passagens aéreas caíram 30% e o volume de gastos no exterior decresceu 50% em relação a agosto”, compara.
O que se pode adiantar, segundo a executiva, é que 40% das pessoas irão reduzir os gastos de final de ano. Do total da renda extra que receberão (13º salário, bônus, comissões, etc), 28% será poupado e os 72% restantes serão destinados ao pagamento de dívidas (principalmente nas classes C/D), compras e viagens.
Poder de compra e endividamento – Do grupo pesquisado, 42% afirmaram que, em 2008, o poder de compra foi maior ou bem maior do que no período anterior, enquanto 35% disseram que foi igual e 23% menor. Mas em relação às perspectivas para 2009, apenas 26% acreditam que o poder aquisitivo irá aumentar. “Essa mesma questão foi investigada em outro estudo que fizemos em agosto de 2008, pouco antes do agravamento da crise e, naquele momento, a população se mostrava muito mais confiante do que agora”, lembra Rossi.
Entre os entrevistados, 28% disseram que, em 2008, estiveram mais endividados que em 2007, 35% afirmaram que mantiveram o mesmo nível de endividamento e 37% contraíram menos dívidas. De qualquer forma, na percepção da diretora da TNS InterScience, o saldo do endividamento em 2008 foi positivo. Segundo ela, uma parcela expressiva de pessoas se sentiu menos endividada neste ano do que no período anterior. De acordo com os resultados do estudo, para 2009 a expectativa de 51% é de estar menos endividado do que neste ano, enquanto 37% consideram que permanecerão no mesmo patamar e 12% acreditam que irão acumular mais dívidas.