Em um intervalo de seis meses, houve um aumento significativo na proporção dos brasileiros com smarphones, que já realizaram compras via aplicativos. A conclusão é do Opinion Box, por meio da pesquisa “Panorama Mobile Time/Opinion Box – Comércio Móvel no Brasil”. No levantamento do ano passado, 41% dos entrevistados assumiram que já tinham comprado por apps. Em março de 2016, esse número passou para 61,8%. Com objetivo de criar um raio-x ao mercado sobre os hábitos de compra dos brasileiros via aplicativos móveis, o estudo ouviu, ao todo, 1.920 internautas.
“A explicação para esse salto em tão curto intervalo de tempo pode estar no esforço extra dos varejistas online durante a última Black Friday para estimular vendas através dos smartphones”, avalia Felipe Schepers, COO do Opinion Box.
Comodidade, rapidez e praticidade
Dos que compraram por app, 62,2% apontaram a comodidade como principal fator. Outros 17% disseram ser mais rápido comprar pelo smartphone e 14,7% acham mais prático. Somente 4,7% mencionaram que compram um produto físico pelo smartphone por conta de promoções ou descontos oferecidos pelos varejistas.
A pesquisa ainda mediu a frequência com que os consumidores realizam compras através de apps ou sites em seus smartphones. Dos consumidores, 3,1% compram diariamente; 9,6% pelo menos uma vez por semana; 45,7% pelo menos uma vez por mês; e 41,6% raramente.
O que e onde compram?
Entre as categorias de produtos mais compradas figuram: roupas (44,4%), eletroeletrônicos (38,7%), livros (32,2%), eletrodomésticos (25,9%), acessórios de moda (25,6%), cosméticos ou itens de higiene pessoal (24,1%), refeições (20,7%), utensílios domésticos (16,9%), brinquedos (15,9%) e CDs ou DVDs (15,6%).
Quando questionados sobre os apps que mais costumam utilizar, Americanas.com (28%), Mercadolivre (28%), Submarino (14%), AliExpress (13%) e OLX (10%) são os cinco mais citados. “Vale destacar o crescimento da Americanas.com, na comparação com a edição interior da pesquisa, que subiu do quarto para o primeiro lugar, e do Submarino, que não figurava entre os cinco principais e agora está na terceira posição”, avalia Schepers.
Razões para não comprar
A pesquisa procurou saber também, porque algumas pessoas nunca consumiram via dispositivos móveis. O principal motivo alegado por 26,5% das pessoas é a falta de confiança. O segundo motivo,16,3%, foi a impossibilidade de provar ou testar o produto antes da compra. A terceira principal razão para não comprar pelo smartphone, por 15,6%, é o fato de o consumidor não ter cartão de crédito. Outros 12% disseram não achar prático, 8,9% não sabiam que era possível, 5,5% mencionaram não saber usar o smartphone para isso e 12,2% apontaram outras razões.
Whatsapp x Serviços
O estudo também avaliou o uso de apps em quatro categorias específicas: chamada de táxi, delivery de refeição, compra de ingressos para eventos e reserva de hospedagem. Os entrevistados podiam citar livremente qual o app usado com mais frequência para cada finalidade. Dos ouvidos que costumam pedir refeição pelo celular, 8% disseram usar principalmente o WhatsApp. O app de comunicação instantânea fica em terceiro lugar, atrás apenas dos líderes iFood e PedidosJá, e na frente de outros apps dedicados a esse mercado, como HelloFood. Para chamada de táxi, 2% disseram fazê-lo principalmente pelo WhatsApp. Para reserva de hospedagem, 2% usam o aplicativo de mensagens.
“É importante destacar esses dados, porque há uma tendência mundial de os principais aplicativos de mensagens instantâneas abrirem APIs este ano para a construção de ´ChatBots´, robôs criados por marcas ou empresas para conversar diretamente com os consumidores através dos apps de mensagem e atender a pedidos, como chamada de táxi, entrega de pizza ou reserva de hotel”, ressalta o COO.
Táxis
Em setembro, eram 18,2% que pediam táxis via aplicativos. Agora, são 20,4%. Se há seis meses 99Taxis e Easy Taxi apareciam quase empatados na preferência dos usuários, citados por 30,4% e 24,6%, respectivamente. Atualmente, 99Taxis consolidou sua liderança, apontado como o app preferido por 45,3% desse grupo. Outra novidade é a ascensão do Uber, que subiu de 9,9% para 21%. O Easy Taxi, por sua vez, caiu para a terceira posição, citado como o favorito por 17%.
Delivery
A proporção de brasileiros que utilizam apps de delivery de refeições se manteve estável em relação à pesquisa anterior: 26,2%, contra 26,1% seis meses atrás. Na preferência do consumidor, nota-se um crescimento do iFood (55%), seguido pelo PedidosJá (10%).
Hotéis
O uso de apps para a reserva de hospedagem continua tendo a menor penetração dentre os quatro serviços medidos. Apenas 12% dos internautas brasileiros declaram já ter feito isso. Seis meses atrás eram 11,6%. Na pesquisa anterior não havia um líder claro nesse segmento. Desta vez, o Trivago, que na verdade é um metabuscador de ofertas, se isolou na primeira colocação, com 23,9%. Em seguida aparece o HotelUrbano (16,7%), Booking.com (15,2%) e Decolar.com (13,4%).
Compra de ingressos
A venda de ingressos foi a única atividade entre as quatro acompanhadas pela pesquisa que registrou queda. A proporção de entrevistados que já compraram um ingresso de evento através de app baixou de 21,4% para 17,2%. A ferramenta preferida continua sendo o Ingresso.com (34,7%), na sequência vem o Cinemark (9,9%), Peixe Urbano (7,9%) e Ingresso Rápido (6,3%).
“A crise econômica e a redução na venda de smartphones no Brasil não foram obstáculos para o crescimento do comércio móvel no país ao longo dos últimos seis meses. Pelo contrário, vários varejistas enxergaram no mobile um caminho para aumentar suas vendas, apostaram na reformulação de apps e na criação de ofertas especiais para o canal, principalmente na última Black Friday”, conclui Schepers.