Terceiro painel do Congresso ClienteSA 2022 deixa clara a inevitabilidade da adoção de uma cultura que favoreça essa visão humanitária e estratégica
Há uma série de frases disseminadas pelas organizações mostrando o quanto é fundamental que não se fale apenas de diversidade e inclusão, mas que esses conceitos sejam vistos e sentidos na prática do dia a dia das mesmas. Isso porque, além de ser uma causa em favor de todas as pessoas e da imagem das organizações, a adoção de um programa de diversidade e inclusão é, também, uma inteligente e produtiva estratégia de gestão dos negócios. Esses foram alguns dos insights do debate que, sob o tema “A diversidade, inclusão, sustentabilidade e seu impacto no ambiente cultural e no negócio”, no terceiro painel do Congresso ClienteSA 2022, reuniu Leandro Camilo, Partner, Inclusion & Diversity Leader at PwC Brazil and Global Disability Inclusion Leader at PwC, Leticia Coletto, VP de RH da RecargaPay, Alexandre Oliveira, VP Riscos, Cobrança, PLD, Fraudes e Compliance da GetNet, Márcio Lino, diretor de Environmental, Social & Governance da TIM, Rafael Bonfim, mentor e conselheiro sênior da Fiep – Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Jonatas Melo, diretor de CX do GetNinjas.
Leandro, da PWC, que, além de exercer suas funções na unidade brasileira, lidera globalmente o processo de inclusão de PCDs na consultoria, iniciou afirmando que, se quisermos mover o pêndulo da diversidade – que gera inclusão – temos que ter, antes de tudo, autoconhecimento, para sabermos por que é importante, para cada um, falar desses temas. “Parte da mágica de sermos humanos é o reconhecimento de que somos mesmo diferentes e, nesse sentido, inclusão significa valorizar e respeitar essas diferenças.” Para o executivo, não há como fazer inclusão sem diversidade e vice-versa, estabelecendo, em seguida, os parâmetros para criação de um ambiente que favoreça a sensação de pertencimento, o que definiu como o sentimento de pertencer ao meio e este pertencer à pessoa, em uma relação de colaboração com ganho mútuo. Em resumo, onde há pertencimento, não há julgamentos. E finalizou explicando porque diversidade e inclusão acabam tornando as empresas mais rentáveis.
Por sua vez, Jonatas, citando uma pesquisa, apontou que 35% das empresas que investem em inclusão e diversidade obtêm mais velocidade na conquista de resultados positivos. Por isso, ele considera que esses conceitos devem mesmo ser implementados com muita atenção e cuidado. É por isso, assegurou, que na GetNinjas foram adotados comitês de inclusão e diversidade visando fomentar esses temas de modo cada vez mais frequente em todas as áreas da organização. Além disso, especialistas são convidados a participar de fóruns dentro da organização, no sentido de que os conceitos não fiquem reduzidos apenas a “belos discursos”. Para ele, há um forte paralelo entre inclusão, diversidade e sustentabilidade com a experiência que se oferece ao cliente. “Em ambos os casos”, disse ele, “é preciso saber plantar, regar e cuidar”.
Para Lino, o Brasil apresenta um terreno fértil para o desenvolvimento dessas práticas e conceitos, por ser um País construído fortemente sob a marca da diversidade. Uma história que, segundo ele, formou uma sociedade plural de norte a sul. Além disso, no âmbito das empresas, hoje há, na sua visão, de cinco a seis gerações convivendo tanto em termos de produção quanto em consumo. No entanto, há questões estruturais impondo que as questões de inclusão e diversidade sejam desenvolvidas de modo afirmativo nas organizações. “Caso contrário, a empresa acabará tendo muita dificuldade de se conectar com o mercado consumidor.” E mencionou exemplos de como eliminar barreiras para que esse processo inclusivo aconteça, partindo da vontade de fazer de forma efetiva.
Ao passo que Letícia reforçou a necessidade de que haja processos organizados na direção de implantar esses conceitos na prática. Para ela, é importante se recordar da máxima atribuída a vários pensadores: “Não basta convidar a diversidade para o baile, é preciso tirá-la para dançar.” E descreveu situações necessárias para que brote um ambiente em que esse fator aconteça com naturalidade. A partir da alta liderança, tudo deve fluir de maneira que diversidade e inclusão sejam uma realidade unificadora de realidades diferentes, descrevendo como esse esforço é feito a partir do comitê de representatividade criado na RecargaPay. “Para que tenhamos um lindo baile no qual todos estejam alegremente dançando.” Corroborando plenamente com as análises, Alexandre enfatizou que diversidade traz inovação, dinheiro, atração e retenção de talentos. Só que, trata-se, na sua opinião, de algo muito fácil de colocar no papel, mas de complexa materialização. Um processo que deve ocupar, literalmente, o dia a dia da organização e envolvendo pequenas e grandes ações. “Na GetNet, formamos cinco grupos responsáveis pela disseminação desses temas por toda a organização, sendo que cada um deles tem como sponsor um vice-presidente da empresa. Um engajamento direcionado para metas concretas. Ou seja, fica claro para todos que aquilo é o que a organização toda pensa e quer fazer.”
Por último, concordando e “pegando carona”, como afirmou, em todas as opiniões dos antecessores no debate, Rafael reafirmou a importância de tudo o que foi falado até ali: propósito, métricas, consolidação, prática diária, pensamento no cliente e processos. E contou que, no seu caso, sendo portador de deficiência, acabou trabalhando de forma acidental em um processo de estruturação de uma área de inclusão. O que o ajudou, explicou Rafael, foi ter concluído o curso superior de gerenciamento de projetos. Isso porque, não olhou para essa atividade como uma bandeira particular, mas da forma correta: uma estratégia vencedora de recursos humanos. “Diversidade e inclusão nas empresas não é uma causa a ser defendida, mas sim uma estratégia de gestão de pessoas. É bom para a reputação da empresa, agrega clientes, melhora o clima organizacional, aumenta a retenção, ou seja, apresenta uma variedade de benefícios.” Isso, no seu entender, se trabalha de forma estruturada, contínua e profissional.