É hora de acelerar ou ter cautela em relação à inteligência artificial?

ClienteSA News debate o descompasso ainda existente entre as promessas e as realizações com a IA

Quase metade das iniciativas globais de inteligência artificial generativa não alcançaram os resultados esperados pelas empresas, resultando em decepção e mostrando o descompasso com as promessas dos fornecedores. Embora a IA já esteja presente em praticamente tudo o que se faz hoje nas organizações, o problema está em uma área específica dentro de GenAI, que ainda não amadureceu no entendimento dos líderes que a empregam. Essas são algumas das reflexões feitas na 30ª edição do ClienteSA News, realizada ontem (07). O programa contou com a presença de Caio Gomes, diretor de inteligência artificial do Magalu, e Luis Mangi, vice-presidente de pesquisa, Global CIO Advisory Team do Gartner, recebidos pelos cohosts Vilnor Grube, CEO da ClienteSA e VP da Aloic, Rodrigo Tavares, vice-presidente sênior de CX da RecargaPay, e Wellington Paes, fundador e CEO da Conexão Customer.

Rodrigo abriu a live lembrando o que motivou o tema, uma notícia sobre a grande perda de valor de uma empresa americana de tecnologia após um anúncio de que o futuro da IA não seria tão otimista quanto se esperava. Primeiro a se manifestar, Luis começou recordando que IA não é algo tão novo, estando na pauta dos avanços tecnológicos há mais de 70 anos. “Ela se iniciou de forma lenta em virtude do atraso na produção de hardwares capazes de processar as informações. Conforme a capacidade computacional avançou, a IA como um todo também começou a evoluir mais intensamente.” Na concepção dele, tudo não passa de um conjunto de tecnologias que podem ser consideradas inteligência artificial, como algoritmos preditivos, RPA (Robotic Process Automation), analytics, machine learning, etc.

Sobre fato dela ter virado um hype, o VP do Gartner citou a corrida dos fornecedores em clima de euforia, prometendo a realização de verdadeiros sonhos, versus a corrida das empresas, começando a viver no vale das desilusões, pela decepção com os primeiros resultados obtidos com IA. “Para se ter uma ideia disso, basta saber que 47% das iniciativas globais com IA generativa não alcançaram os resultados esperados. Então, o hype vem pelo lado só dos fornecedores, enquanto as empresas não estão tão entusiasmadas assim”.

Por sua vez, Caio fez uma ressalva: o que não está correspondendo às expectativas não é a IA, usada com sucesso em praticamente em tudo que se faz há muitos anos, mas sim com a LLM (Large Language Model), um modelo dentro de uma área específica da GenAI. Ele afirmou que a própria GenAI é usada, também há muitos anos, até no cinema, mas que a utilização nas empresas atualmente é feita de maneira equivocada. “Elas querem pegar o que é feito pelos humanos e adaptar de forma que, com a IA, possa ser feito mais rápido. Quando o certo é criar processos totalmente novos sem qualquer referência do humano.”

Na sequência, o diretor de IA do Magalu forneceu uma série de números de faturamento nos diversos setores da tecnologia, mostrando o quanto os de GenAI estão abaixo das demais, ou seja, elas não estão gerando capital para realizar o que se espera. “A IA é indispensável nos dias de hoje, mas as organizações precisam entender que a inteligência generativa é uma ferramenta como outra qualquer, que nasce para resolver um problema por meio da tecnologia.” Nesse momento, indagado por Wellington sobre o que deve ser feito para levar os líderes das empresas a esse entendimento, Caio respondeu que é tirá-los do hype, convencendo-os, por exemplo, ser impossível fazer LLM sem os dados necessários. “Correr atrás de modismos pode até quebrar a empresa.”

O debate seguiu, de forma interativa com a audiência, ainda refletindo sobre o fato das pessoas se afastarem do problema concreto a ser resolvido, sobre a importância do AI First, entre muitos outros pontos relevantes que podem ser conferidos no vídeo disponível, na íntegra, no YouTube, no canal ClienteSA Play, compondo um acervo em cultura cliente que já passa de 3 mil vídeos.

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