Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe

Mais de 70% dos brasileiros acreditam que vida pessoal vai melhorar este ano

De acordo com pesquisa Febraban-Ipespe, em relação ao País, 53% acham que vai melhorar, enquanto 43% acreditam que vai ficar igual ou piorar

O brasileiro iniciou 2023 otimista com a vida pessoal, mas cauteloso com o país. É o que indica a rodada de fevereiro da pesquisa Radar Febraban-Ipespe, mostrando que ampla maioria da população (73%) acredita que a vida vai melhorar em seus aspectos pessoal e familiar, o que praticamente repete o resultado de dezembro passado. Em relação ao país, o otimismo atinge 53% dos entrevistados, que acreditam na melhora do País neste ano, resultado estável em relação ao último levantamento, que registrou 55% desse sentimento. Para 43% ficará igual ou pior.

A pesquisa registra, também, perspectivas positivas diante do novo governo. Olhando para o futuro próximo, 49% dos brasileiros acreditam que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será ótima ou boa no restante de 2023 — o que representa um aumento de quatro pontos em relação a dezembro (46%).Já sobre o sentimento da população em relação ao governo federal no início do novo mandato, 4 em cada 10 brasileiros (40%) o avaliam como ótimo ou bom. Na outra ponta, 28% classificam o governo como ruim ou péssimo e outros 27% fazem uma avaliação regular das primeiras semanas da nova administração.

Com relação ao dinheiro que sobra no orçamento, 38% pretendem investir na compra de imóvel, consolidando a tendência verificada desde setembro de 2021. Em segundo lugar, aparece a aplicação em outros investimentos bancários fora a poupança (20%). Empatadas em terceiro lugar, com 19% das menções, surgem a poupança e a reforma da casa.

Áreas que demandam maior atenção

Ao serem consultados sobre quais áreas o governo federal deveriam merecer mais atenção neste ano, os respondentes apontaram Saúde: 23%; Emprego e Renda: 20%; Educação: 18%; Fome/Miséria: 11%; e Inflação e Custo de Vida: 10%. As demais alternativas receberam menos de 10% das menções. No levantamento anterior, a área de Educação ocupava o primeiro lugar, a área de Saúde obteve aumento de 6 pontos percentuais, enquanto Emprego e Renda obtiveram aumento de 5 pontos nas menções.

Situação financeira

A maioria opinou que sua situação financeira já se recuperou ou irá se recuperar em 2023, mas quase metade acredita que a economia só irá se restabelecer a partir do próximo ano. 38% dos respondentes apostam numa recuperação em 2023; 19% opinam que essa recuperação já aconteceu; 25% mostram-se menos entusiasmados, vislumbrando essa recuperação somente a partir do ano que vem; 5% não avistam perspectivas de recuperação; e 9% mais otimistas opinam que a vida financeira sequer foi afetada.

Quando o assunto é a economia nacional, 47% acreditam que a recuperação só acontecerá a partir do ano que vem; 26% acreditam que a economia irá se recuperar esse ano; 10% opinam que a economia já se recuperou; e 10% não veem perspectivas de recuperação. Ainda no que se refere à economia, 35% apostam na retomada do crescimento do país em 2023; 33% creem que o país só voltará a crescer depois do próximo ano; 18% acreditam que o país já voltou a crescer; e 8% não veem perspectivas de recuperação do país.

Expectativas econômicas

Diminuição do desemprego: em tendência crescente desde a onda de junho de 2022 (quando registrou 29%), oscilou de 39% em dezembro para 40% agora, registrando maior percentual da série histórica. Aumento de acesso ao crédito: também crescente desde junho de 2022 (37%), variou 1 ponto em relação a dezembro (de 40% para 39%). Aumento do poder de compra: registrou maior percentual da série histórica em dezembro (36%), diminuindo agora para 35%. Diminuição da taxa de juros: registrou maior percentual da série histórica em dezembro (25%), caindo agora para 21%. Mais da metade da população (51%) acha que os juros vão aumentar. Diminuição da inflação e do custo de vida: registrou maior percentual da série histórica em dezembro (29%), recuando agora para 26%. Quase metade (47%) acha que a inflação e custo de vida irão aumentar. Salário-Mínimo:46% acham que vai aumentar e 43% que não haverá alterações. Acesso ao Bolsa Família: 37% avaliam que irá crescer e 33% que não haverá alterações. Impostos:57% esperam aumentos.

Percepção da inflação

Especificamente sobre a questão da inflação e o preço dos produtos, a percepção de aumento, que atingiu seu percentual máximo em junho de 2022 (93%), caiu para 79% em dezembro e registra agora 64%. Sobre onde há maior impacto da inflação, ganharam destaque as questões de consumo de alimentos e outros produtos do abastecimento doméstico (76%); preço dos combustíveis (30%); pagamento de serviços de saúde e remédios (22%); juros do cartão de crédito, financiamentos e empréstimos (10%)

Endividamento pessoal

Mais da metade dos brasileiros (53%) possui alguma dívida, sendo que 56% são mulheres; 59% na faixa de 25 a 44 anos; 58% entre os que possuem fundamental; e 57% entre os que têm renda até 2 salários mínimos.

A maioria (53%) dos que têm dívidas acredita que em 2023 estará menos endividada que em 2022, enquanto somente 15% responderam que estariam mais endividados esse ano do que no ano passado. E a disposição para participar de algum programa de refinanciamento chega a 67%.

Consumo em geral

Sobre a pergunta – “em uma possível melhora da situação financeira, quais seriam as opções dos brasileiros para usar eventuais sobras no orçamento?”, as respostas contemplaram compra de imóvel (38%); aplicação em outros investimentos bancários fora a poupança (20%). aplicação na poupança (19%); reforma da casa (19%); cursos e educação pessoal e da família (14%); viagens (11%); compra de carro (10%).

Imagem dos bancos

Permanece expressivo o reconhecimento da contribuição positiva dos bancos para as pessoas e para o país. Constituem maioria os entrevistados que confiam nos bancos (59%), nas fintechs (57%) e nas empresas privadas (51%). Quanto ao reconhecimento da contribuição positiva dos bancos: para o desenvolvimento da economia brasileira: 56% consideram que os bancos contribuem positivamente. Para a geração de empregos no Brasil: 51% consideram que os bancos contribuem positivamente. Para a melhoria da qualidade de vida das pessoas: 49% consideram que os bancos contribuem positivamente. Já em relação ao enfrentamento à crise do coronavírus: 48% consideram que os bancos contribuem positivamente. Para os negócios e atividades profissionais: 47% consideram que os bancos contribuem positivamente.

Mais uma vez, mantém-se em patamar bastante elevado o nível de satisfação da população bancarizada com os serviços prestados pelos bancos: 73% dizem-se satisfeitos ou muito satisfeitos, maior percentual desde o início da série histórica. O nível de satisfação é ainda mais elevado quanto ao atendimento on-line: 79% declaram-se satisfeitos ou muito satisfeitos.

Metodologia

A pesquisa foi realizada entre os dias 4 e 14 de fevereiro, com 2 mil pessoas nas cinco regiões do País. Esta edição do Radar Febraban mapeia as expectativas iniciais dos brasileiros sobre este ano, tanto em relação à vida pessoal, quanto em relação à política e à economia do país. A pesquisa também tem uma versão regional, com as opiniões de cada uma das cinco regiões brasileiras.

“Primeira realizada após a posse do novo governo, esta onda do Radar acontece em meio aos desdobramentos do 08 de janeiro, aos debates acerca da política fiscal e monetária e às perspectivas quanto à retomada do crescimento econômico, da geração de empregos e expectativas de arrefecimento da inflação”, diz o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.

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