VP da Swiss Re Corporate Solutions descreve o ponto de inflexão que conduz o êxito da multinacional ao ampliar as áreas de atuação
O mercado de seguros, com destaque para o Brasil, continua enfrentando uma diferença de absorção cultural em duas vertentes. No que tange à vertical dos grandes riscos para corporações industriais, agrícolas e comerciais, o seguro é praticamente parte inerente do negócio. Entretanto, quando se expande a visão para pessoas físicas e pequenos e médios empreendedores, as barreiras culturais do valor intangível de um benefício não usufruído de imediato ainda prevalecem, requerendo a conquista do cliente por meio de experiências diferenciadas, ágeis e simples. Pois foi justamente aceitando esse desafio que a suíça Swiss Re Corporate Solution, mesmo mergulhada há 160 anos em seguros de alta complexidade para clientes corporativos, vem avançando também no segmento de varejo, por meio de uma joint venture com a Bradesco Seguros. Depois de cinco anos de uma guinada que requereu novos processos e especializações, a área já representa 30% do faturamento. Compartilhando essa jornada de transformação na atuação da multinacional, Guilherme Perondi, vice-presidente da Swiss Re Corporate Solutions, participou, hoje (09), da 659ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Iniciando pelo contexto em que se enquadra a Swiss Re Corporate Solutions, braço especializado em seguros do conglomerado multinacional Swiss Re que também atua com resseguros e que possui 160 anos de atuação, Guilherme explicou que o foco da organização foi, durante todo esse período, trabalhar visando os clientes corporativos, cobrindo riscos comerciais e industriais, e que, ainda hoje, representa 70% das operações. Ainda contextualizando, ele pontuou que as seguradoras carregam um desafio que é ter efetivamente foco no cliente. Devido ao modelo de negócio, na maioria das vezes, o produto é oferecido ao cliente por meio de canais intermediários, tais como corretores, assessorias, consultores, bancos, empresas de varejo, etc. Na sua concepção, isso torna a atividade mais complexa, somando-se ao fato de se tratar de um segmento regulado, com regras e protocolos definidos, no caso Brasil, pela Susep, apesar de estar passando por avanços e liberações com vistas a modernizar essa indústria. “Em resumo, não comercializamos aquilo que desejamos, mas sim o que nos é permitido. Havendo ainda um terceiro fator a ser enfrentado que é o altíssimo nível de competitividade no segmento, com uma oferta muito ampla de todos os produtos de seguro no País. Ou seja, diante de tudo isso, como pensar em uma experiência do cliente que seja diferenciada e bem-sucedida?”.
Dito isso, na sequência, ele detalhou a trajetória de transformação da Swiss Re Corporate Solutions, companhia que no Brasil é fruto de um joint venture, iniciado há cinco anos, com o Bradesco Seguros, que detém 40% da sociedade. Esse acordo foi o gatilho para empresa, não só continuar operando na vertical de grandes riscos – segurando robustas plantas industriais, de geração de energia, movimentação de cargas em grandes operações logísticas, etc. -, mas também com pequenas e médias empresas. “Há uma diferença enorme no trabalho de emissão de uma apólice de seguros altamente customizada a um grande grupo empresarial e o trabalho de pensar em processos, sistemas e produtos para esse novo mercado em que avançamos. É, na verdade, uma reinvenção do modelo de negócios dentro de um grupo cujo DNA está nos contratos de grande complexidade.” Em outras palavras, a organização precisou adotar um modelo operacional completamente novo, com entregas mais ágeis e um grau de flexibilidade de personalização muito grande.
Na avaliação de Guilherme, a despeito dessa vertical já representar cerca de 30% do faturamento, superada a fase MVP da nova empreitada, ele considera que ainda é preciso continuar investindo em tempo, energia e foco para que os avanços ganhem a consistência desejada em uma atuação cada vez mais rápida, simples e eficiente. Nessa direção, quando questionado sobre o que os agentes da indústria de seguros ainda podem fazer para mudar a imagem do setor, quebrando a resistência cultural ainda existente, o vice-presidente comentou que o aumento de eventos inesperados, notadamente em termos climáticos, tem gerado uma propensão a se pensar mais em seguro no Brasil. “Entretanto, continuamos lidando com uma questão que é praticamente existencial. Apesar de representar tranquilidade para quem adquire um seguro, seja qual for, ainda é um produto de valor intangível.” Isso porque os benefícios percebidos não são imediatos.
Nesse aspecto, Guilherme diferencia o mercado de grande risco, onde a cultura do seguro é praticamente parte do negócio do contratante, pelos valores envolvidos, enquanto na vertente das pessoas físicas ou pequenos e médios empreendedores, a penetração do produto é ainda muito baixa, ficando na casa dos 10% do seu potencial. Houve tempo ainda, ao longo da live, para o executivo detalhar o que pode ser incrementado para expandir esse mercado de menor porte, como agregar serviços e qualidade na experiência, além de aprofundar nos avanços tecnológicos que têm permitido oferecer seguro just in time também para pessoas jurídicas, os aprendizados com o sócio Bradesco Seguros para adaptação geral ao novo mercado de atuação, entre muitos outros temas.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 658 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA encerra a semana amanhã (10), com o Sextou, que debaterá o tema “Consumo: Os impactos de casos como o da Americanas”, reunindo Rafael Kröger Couto, diretor de análises avançadas da Kantar, Allan Barros, CEO da Pullse, Leonardo Horta, sócio-fundador da Maitreya, e Caetano Mantovani, cofundador e vice-presidente executivo da Magis5.