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Na hora da compra, consumidor opta por preço


Os números impressionam. Segundo o Ministério da Justiça, a cada ano cerca de R$ 30 bilhões deixam de ser arrecadados em impostos em razão da pirataria. Além disso, não é exagero afirmar que ao comprar um produto falsificado a pessoa provoca um efeito cascata que pode resultar no desemprego de um familiar. Entretanto, quem é este consumidor que investe em produtos falsificados? O que o motiva? Estas são algumas das questões respondidas pela recém-divulgada pesquisa “Ética – Consumo Ético e Consciente”, realizada pelo Provar – Programa de Administração de Varejo, da FIA (Fundação Instituto de Administração), em parceria com a Canal Varejo – Consultoria: Mercado de Bens e Serviços.

Segundo dados da pesquisa, 35,2% dos entrevistados sempre fazem compras de produtos do comércio alternativo, enquanto que 55,4% do total dos entrevistados compraram recentemente algum produto “pirata”. “Estes resultados revelam que, embora o consumo responsável seja visto como um ato de escolha e de cidadania, e a cada dia mais os consumidores estejam atentos às atitudes das empresas, o mesmo critério não é referência quando o consumidor se vê diante de seu próprio ato de comprar”, afirma Claudio Felisoni de Angelo, coordenador geral do Provar/FIA. Isto é, 91,7% dos entrevistados afirmam que o preço é a principal motivação.

A pesquisa foi realizada com 500 consumidores da cidade de São Paulo e, além de traçar um perfil geral, também dividiu os resultados por gênero, idade, grau de instrução e faixa de renda e estado civil. Comparando os produtos mais escolhidos para as compras, os CDs e DVDs estão em primeiro lugar no ranking geral com 67,9%. Quando comparados aos resultados por gênero, os homens indicam pequeno aumento na preferência com 69,4%. Já as mulheres apresentam uma discreta diminuição nesta predileção com 64,6%. Comparados os resultados por faixas etárias, CDS e DVDs também vêm em primeiro lugar, apresentando 77,3% na faixa etária “até 25 anos”, 69,7% na faixa etária “dos 26 aos 35 anos”, 72,4% na faixa etária “dos 36 a 45 anos”. Na faixa etária “mais de 45 anos”, apesar de continuar no topo da lista, com 47,4%, os resultados apresentam significativa queda.

Quando indagados se vêem alguma relação entre o comércio alternativo, também conhecido como “pirata”, os resultados gerais impressionam: 48,1% afirmam não saber sobre a relação deste mercado com o crime organizado. Comparando os resultados por grau de instrução, o estudo revela que 40,3% dos entrevistados com o “Ensino Fundamental – completo ou incompleto” não percebem a relação com o crime, enquanto que 52% dos entrevistados com “Ensino Médio – completo ou incompleto” e 54,8% daqueles que têm “Grau Superior/Pós-Graduação – completo ou incompleto”, também não. “Observa-se que quanto maior o grau de instrução, menos as pessoas percebem a estreita relação entre estes universos da contravenção. É o reflexo de um dos maiores problemas do Brasil: considerar este crime tolerável, pois faz bem para o bolso”, explica Felisoni de Angelo.

Entretanto, se num primeiro momento, a compra parece vantajosa, dados do Conselho Nacional de Combate à Pirataria revelam o oposto. Estimativas apontam que para cada emprego informal criado (como uma nova barraca de camelôs nas ruas), seis formais são perdidos. Além disso, cerca de dois milhões de vagas de empregos são fechadas (ou deixam de ser abertas) todos os anos por causa da “pirataria”. “A pirataria é um problema cultura e social no Brasil. O consumidor, ao adquirir um produto falsificado, não sabe o mal que causa a si próprio e ao desenvolvimento do país. Ao contrário, nossa pesquisa indica que 21,2% acham que adquirir estes produtos clandestinos traz status. Um verdadeiro contra-senso”, alerta o professor.

Para os pesquisadores, mais do que apresentar um panorama atual desta modalidade clandestina do consumo, o dados apresentados pelo estudo também servem para indicar a necessidade de formar consumidores preocupados não só com a qualidade dos produtos, mas também com os impactos que as atividades econômicas causam ao planeta em que vivemos. “O papel das instituições privadas deve passar a ser visto pelos clientes como decisivo para o desenvolvimento sustentável das nações, principalmente em locais onde o governo regional se mostra ineficaz no tratamento das questões sócio-ambientais”, complementa o coordenador da pesquisa.

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