Autor: Carlos Barros
Uma nova cultura em relação ao uso do dinheiro e aos pagamentos por boleto está para se formar com a implementação do sistema de pagamentos instantâneos, mais conhecido como PIX. Esse é o primeiro passo para um futuro em que as transferências e os pagamentos por meio de plataformas digitais serão predominantes.
O PIX forma o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, criado pelo Banco Central. Ele permitirá transferências, pagamentos de contas e de serviços públicos e até compras online. Funcionará a partir de Outubro/Novembro de 2020 por meio de bancos, fintechs e comercio eletrônico.
Ao desburocratizar trâmites bancários, essa nova tecnologia impactará bancos, bandeiras de cartão de crédito, estabelecimentos comerciais, consumidores e fintechs. Transferências e pagamentos poderão ser feitos de todos para todos. Situações em que antes eram necessários aguardar o prazo entre dois e quatro dias para comprovar a quitação de um pagamento começam a se despedir da rotina de milhares de brasileiros e ficaram tão fáceis como realizamos um bate papo online.
Para nós do Jeitto, que começamos em 2014 com o propósito de transformar a relação das pessoas com o credito, para uma forma mais humana e descomplicada possível. o PIX proporcionará uma importante mudança nos hábitos e nas barreiras enfrentadas, pois para quem não era acostumado a este tipo de possibilidade, aos poucos, começará a experimentar um novo universo.
A implementação do PIX também trará um aumento significativo no número de transações de pequenos valores entre pessoas, estabelecimentos físicos e também virtuais. Ele favorecerá a inclusão dos mais vulneráveis e a possibilidade de construírem seu histórico de consumo ou até de vendas e terem acesso a serviços que ajudem seu crescimento sua segurança e independência financeira.
É uma excelente oportunidade para o Brasil torna-se mais tecnológico no que tange pagamentos e demais transações. E está alinhado com o momento atual, em que a pandemia do coronavirus condicionou os brasileiros a se familiarizarem mais com aplicativos e outras soluções digitais.
Desta maneira, enxergo que a execução do sistema brasileiro de pagamento instantâneo impulsionará o crescimento de empresas com o mesmo propósito em contribuir e facilitar o uso não só do crédito, mas de diversos outras modalidades e serviços em plataformas digitais. O PIX garantirá a aderência de todos os agentes financeiros de forma segura, gerando mais conveniência e competição. Filas em lotéricas, agencias bancarias e em terminais de transporte por exemplo passarão a ser muito amenizadas ou extintas.
O PIX fará lentamente essa virada de chave em que os pagamentos em dinheiro físico continuarão sendo utilizados, mas com menor e relevância e dinâmica dentro do sistema financeiro.
Consequentemente, a interoperabilidade entre todos os atores pagadores ou recebedores trará um aumento significativo nas transações digitais. Hoje, o Banco Central já possui quase mil instituições financeiras entre bancos tradicionais e cooperativas, fintechs, entre outros participantes cadastrados para operarem com o novo sistema de pagamentos e um uma segunda fase, o Banco central será não apenas o recebedor, mas poderá realizar pagamentos como o do bolsa família ou a restituição de imposto de renda.
Um bom reflexo disso é a mais recente parceria do Banco Central com a Aneel, que permitirá o pagamento de contas via PIX. A novidade beneficiará os consumidores, pois ao realizarem a transação terão mais agilidade na compensação e comprovação do pagamento, evitando o prazo atual que leva entre 24 horas a 48 horas para constatação de pagamento e religamento da energia em casos de atrasos.
Com isso, o custo de cobranças para as distribuidoras pode ser reduzido e as tarifas podem ser mais acessíveis. O Banco Central, recentemente firmou parceria com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para o recolhimento de taxas federais. Esses novos passos mostram que o Brasil começa a traçar um caminho já percorrido em alguns países como Índia, China, Austrália, Indonésia, Cingapura entre outros.
O varejo também terá uma excelente oportunidade de crescer e ajudar na adesão das pessoas ao PIX. É uma ótima alternativa para o setor se aproximar dos seus clientes e de novos usuários consumidores. A adesão das companhias mostra uma estruturação já desenhada por essas empresas mas no final do dia será um rompimento para todos, inclusive para o consumidor, que terá uma gama de soluções e de novas possibilidades à sua disposição.
Todavia, é importante ressaltar que o futuro é promissor, mas o caminho traçado dependerá da mudança comportamental dos brasileiros, que nos últimos tempos passaram a olhar mais atentamente para a tecnologia. Ainda assim, existem consumidores que possuem pouco ou nenhum relacionamento com instituições financeiras, com concessão de crédito, com produtos de seguros ou qualquer tido de serviço oferecido de forma totalmente digital.
Para esses, o desafio será ainda maior. As empresas deverão apresentar o universo dos pagamentos digitais e a segurança que eles oferecem para pessoas com total desconhecimento ou em sua maioria pouco incluídas digitalmente incluindo ainda os 45 milhões de brasileiros que nunca foram bancarizados.
É um novo mundo dentro desse novo normal que começa a surgir e todos poderão conquistar o seu lugar de destaque, dentro da sua expertise e nicho de atuação, destravando novas verticais que não estavam sendo explorada e novas linhas de receita por usuário. Se a totalidade reconhecer a importância deste momento e avaliar os amplos impactos, os benefícios serão expandidos para todos os envolvidos desta cadeia e, a partir disso, o Brasil atingirá um novo patamar.
Carlos Barros é fundador do aplicativo Jeitto.