CEOs de BeGreen, Metha Energia e Green Mining debatem presente e futuro na produção e no consumo mais conscientes
A sustentabilidade deverá obedecer a uma mesma e inevitável curva de ascensão exponencial que marcou a tecnologia como geradora de impactos surpreendentes e positivos na sociedade. Essa foi uma das reflexões que marcaram o debate de hoje (05), durante a 535ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA. Muito mais do que caminhar na direção de gerar menos impacto ao meio ambiente, o conceito vai criando também formas disruptiva de produção, gerando novas leis, saídas criativas para negócios e consumo sustentável, apontando para uma espécie de economia do propósito. Do surgimento da ideia de fazenda urbana que aproxima a produção agrícola do prato do consumidor na cidade, à relevância da logística reversa dentro do grande espectro da reciclagem pós-consumo, até o aproveitamento de novos meios de levar energia limpa e mais econômica às residências – tudo aponta para um futuro mais comprometido com o planeta, como demonstraram Giuliano Bittencourt, CEO da BeGreen, Victor Soares, cofundador e CEO da Metha Energia, e Rodrigo Oliveira, fundador e CEO da Green Mining.
Falando de dentro de uma das fazendas urbanas da empresa, no centro-sul da capital mineira, o CEO da BeGreen explicou que ali, dentro de um shopping center, são 1,5 mil metros quadrados de produção agrícola e mais 1,5 m2 de área de experiências, com restaurante, mercado e praça de eventos. Depois de cinco anos de atividade, além desse espaço, já são oito fazendas urbanas pelo país, sendo seis delas também em shoppings e duas em empresas – no sétimo andar do prédio do iFood e na fábrica da Mercedes Benz em São Bernardo do Campo, em São Paulo. “Todas elas se constituem em hortaliças produzidas em estufas totalmente automatizadas, com uma capacidade produtiva 28 vezes maior, por metro quadrado, que o produtor convencional e, também, utilizando 90% menos de água.” Além desses benefícios, Giuliano garante que, trazendo a produção para a cidade, elimina-se 50% do desperdício existente na cadeia de produção rural à mesa do consumidor, oferecendo um produto mais fresco, saboroso e sustentável. Além disso, implantar fazendas urbanas dentro de shoppings, segundo ele, favorece a aproximação das famílias, oferecendo experiência para as crianças no consumo de hortaliças e seus sabores.
Depois foi a vez de Rodrigo falar um pouco da Green Mining, surgida no final de 2018 com o propósito de atuar na chamada logística reversa. Sendo um dos aspectos específicos dentro da ampla gama em que se constitui o conceito de reciclagem na indústria, trata-se de uma operação executada, independente dos poderes públicos, por fabricantes, distribuidores, comerciantes e importadores, aproveitando exclusivamente materiais surgidos pós-consumo e fragmentados pelo meio ambiente. São principalmente embalagens reaproveitadas, explicou ele, mas não apenas elas. “Há muito o que precisa ser feito dentro da logística reversa. A regulação começou a surgir em 2010 e as metas traçadas cinco anos depois estabelecem que cada indústria tem de recuperar pelo menos 22% do que coloca no mercado. E com uma austeridade tal que as empresas podem até ser fechadas pelo não atendimento às regras de recuperação dos materiais.” Por isso, frisou o CEO, a importância da Green Mining ao funcionar dando suporte às organizações nesse processo da logística reversa.
Enquanto Victor, ao abordar o processo de criação da Metha Energia, também há cinco anos, salientou o foco em propor mudanças na cadeia de energia e sua relação com o consumidor que, na sua avaliação, estava estagnada há muitos anos. Dessa forma, por meio de inovação, a Metha surgiu para atender ao cliente levando energia limpa, renovável, dispensando a instalação de qualquer equipamento ou infraestrutura, permitindo que continue consumindo normalmente e com economia. “O método é bem simples. Nossa empresa adquire energia renovável de grandes produtores – energia solar, biogás de fazendas ou aterros sanitários, etc – e faz com que a mesma chegue à residência do consumidor. Um processo em que todos ganham, pois, além de diminuir em 15% a pegada de carbono, é mais barata.”
Ao serem indagados sobre os desafios de disseminação dessa cultura com suas propostas disruptivas, o fundador da BeGreen, estudando o assunto há mais de sete anos, concebe o desenvolvimento da sustentabilidade com o mesmo comportamento em curva exponencial da lei de Moore observada em relação à tecnologia. E por três fatores: maior atuação governamental com as regulações, a presença crescente dos investidores – cujas tendências favoráveis podem ser observadas ano a ano nos fóruns mundiais –, e a consciência do consumidor, que vem entendendo o quanto tudo está interconectado. “Todos estamos entendendo mais sobre a necessidade de fazermos escolhas sustentáveis. O que explica, também, como uma organização como a nossa cresceu oito vezes em cinco anos e porque nasceram, no mesmo período, estas três empresas aqui presentes hoje.”
Assinando embaixo desse tripé, o fundador da Green Mining apontou como o principal driver o terceiro pilar, que é o cliente, ao se posicionar por não mais consumir de organizações que não produzem de forma sustentável. Isso se expressa, de acordo com Rodrigo, nas pesquisas que apontam essa tendência em mais de 50% da faixa etária média da população e, no caso dos millennials, ultrapassa os 80%. Diante dessa propensão de o consumidor optar por empresas que respeitem o meio ambiente, o executivo destacou a relevância do “S” dentro da sigla ESG, referindo-se principalmente à questão da reciclagem como a forma de corrigir o que sobra de todos os outros esforços das empresas em sustentabilidade. “Nesse sentido, um dos principais movimentos disruptivos da Green Mining foi contratar e remunerar justamente os catadores, os carroceiros e garantir direitos trabalhistas dos cooperados.” E descreveu, na sequência, processos e parcerias de capacitação e viabilização dos esforços de logística reversa.
Enquanto para Victor, os desafios dessa cultura se desdobram em um nível maior de desbravamento, pois, tudo se resume, no final, em convencer o cidadão que existe uma maneira diferente de consumir energia, mais sustentável e barata, por meios de uma placa solar, por exemplo, que não é dele. “É uma mudança de paradigma, que nos leva a investir muito no empoderamento do consumidor no nível de levar informação. Não só mostrar, em números, os impactos positivos que estão sendo gerados, mas também porque se trata de algo bem acessível à sua realidade e como ele estará incentivando a cultura de sustentabilidade em geral.” Victor entende que toda startup disruptiva esbarra no desafio duplo de, em primeiro lugar, se fazer conhecida e, ao mesmo tempo, construir cultura como propósito e meio para se consolidar e escalar. “Depois que conseguimos propagar nossa mensagem junto aos que já estão mais conscientes, cujo número aumenta cada vez mais, ganhamos sinergia para avançar.”
Ao longo do debate, a sustentabilidade foi analisada sob os mais diversos ângulos como, por exemplo, engajamento dos colaboradores por meio do propósito, os desafios de crescimento, os exemplos para os mercados em geral e muitos outros. O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 534 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA retorna na segunda-feira (08), recebendo Beto Reis, sócio-diretor da Super Visão, que abordará a evolução da vistoria automotiva para entregar segurança; na terça, será a vez de Deise Violaro, superintendente de customer experience e growth da Porto; na quarta, Gislaine Cristina Silva, gerente de CX da KaBuM!; na quinta, Omar Jarouche, CMO da Cobli; e, encerrando a semana, o Sextou tratará do tema “Inovação: Antecipando tendências no digital para surpreender”, com a presença de Bruno Vasconcellos, diretor de e-commerce e canais remotos da Tim, Camila Conti, gerente de marketing de Kibon, e Márcio Sanitá, diretor de comunicação e serviços ao cliente da Braskem.