É preciso, cada vez mais, ser multicanal, acompanhar as tendências e estudar um mercado que está em constante evolução
Por Cláudio Dias
Nos últimos dois anos, o comércio eletrônico fez evoluções incríveis: em 2020, por exemplo, quando começou a pandemia de Covid-19, o setor fez um progresso que era esperado para acontecer em cinco anos, de acordo com uma pesquisa divulgada pela IBM, nos Estados Unidos. Mesmo com esse crescimento exponencial, não é esperado que o segmento tire o pé do acelerador e o ano de 2022 pretende ser agitado, já que, mesmo com a flexibilização do comércio físico, 94% dos brasileiros pretendem continuar comprando online.
Com esse boom do e-commerce, os marketplaces ganham cada vez mais força. O Mercado Livre, por exemplo, se tornou a empresa mais valiosa da América Latina, com o maior volume de tráfego e vendas – são mais de 330 milhões de usuários mensais e 10 vendas por segundo. Já a Shopee, que chegou ao Brasil em 2019, já é o marketplace com a mais vasta distribuição de cupons de frete grátis, o que aumenta a sua competitividade e, também, dos vendedores que vendem em sua plataforma.
Outros marketplaces que não ficam para trás é a Amazon, o maior player na venda de livros e e-books; a B2W (Americanas, Shoptime e Submarino), o segundo marketplace com o maior volume de tráfego mensal; e o AliExpress, o maior marketplace cross-border do mundo, e que abriu cadastro para vendedores brasileiros no 2º semestre de 2021. Com esse mercado agitado e cheio de tendências, é importante estar atualizado e preparado para superar a concorrência, priorizando sempre a logística e os prazos de entrega como diferenciais competitivos.
No entanto, é possível ir muito além disso e, por isso, a partir de agora, irei citar o que podemos esperar dos maiores marketplaces do Brasil em 2022 e como se preparar, hoje, para este segmento de mercado.
O primeiro ponto, sem dúvida, são as entregas: elas precisam ser mais rápidas e o vendedor deve investir em soluções logísticas e tecnologias para fornecer a melhor experiência para o cliente – frente o aumento da concorrência – e evitar erros, tendo uma expedição ágil – inclusive, entregas realizadas em até 1 dia útil se tornam cada vez mais comuns no Brasil com a expansão da zona de cobertura dos modelos de envio flex, de pioneirismo do Mercado Livre.
Não podemos deixar de falar, também, sobre realidade aumentada e imersão em realidades virtuais, já que o metaverso e o aumento da interatividade de marcas com jogos eletrônicos finalmente validaram a relação entre e-commerce e realidades virtuais imersivas. Ter um posicionamento cada vez mais integrado às novas tecnologias vai permitir que seu negócio consiga se comunicar melhor com as novas gerações de consumidores. A criatividade, aqui, é essencial!
Outra tendência dentro dos marketplaces são os SuperApps: aplicativos com múltiplas funções e que oferecem condições exclusivas para os usuários que baixam e compram pelo aplicativo, como frete grátis e a possibilidade de acessar serviços financeiros integrados. Exemplos dessas integrações são o Mercado Pago, do Mercado Livre, e o AME, da B2W. O Social Commerce – quando o vendedor dá descontos exclusivos para consumidores que compartilham anúncios nas redes sociais – também está crescendo no Brasil, principalmente dentro de marketplaces, como o AliExpress, e promete se tornar algo cada vez mais cotidiano em 2022, frente à evolução de novas mídias sociais.
Promover lives dentro dos marketplaces, o famoso Live Commerce, também é uma tendência importante para ficar de olho. O AliExpress chegou com essa proposta no Brasil em 2021, permitindo que o vendedor oferecesse jornadas de compras personalizadas e mais estreitas, já que as transmissões ao vivo podem ser agendadas e realizadas dentro da própria plataforma. Além disso, há o estreitamento da relação entre vendedor e consumidor, humanizando a marca.
Já o Voice Commerce – quando a compra é realizada por meio de uma assistente virtual – é um ponto de atenção e que será muito comum com o aumento progressivo das buscas por assistentes virtuais, como a Alexa da Amazon. Por meio dela, já é possível colocar produtos no carrinho e efetuar as compras por meio de comandos de voz.
O aumento da presença do público 50+ no varejo online também deve ser levado em consideração para quem deseja vencer a concorrência e aumentar as vendas nos marketplaces. Neste caso, o ideal é tornar a jornada de compra do cliente cada vez mais rápida e simples, para que este público converta mais. Outra questão indispensável é a supervalorização dos dados – aqui, é essencial ter a maior quantidade possível de informações sobre o público da sua marca – dessa forma será mais fácil e previsível a segmentação do seu público – que é amplo e diverso, por considerar pessoas dos 50 a 100 anos – e converter consumidores em fãs do seu negócio.
A última tendência que o vendedor deve ficar de olho nos marketplaces é a questão da publicidade paga dentro dos marketplaces. Hoje, os principais shoppings virtuais do Brasil já disponibilizam um modelo semelhante ao Google Ads, como o Mercado Livre Ads e o Carrefour Ads – dessa maneira, é possível ranquear melhor seus anúncios dentro desses canais de venda.
Não há mais como negar a importância de qualquer negócio, independente do tamanho e setor, ter presença digital. No entanto, apenas estar nas redes sociais e nos marketplaces não é mais suficiente. É preciso ser multicanal, acompanhar as tendências e estudar um mercado que está em constante evolução e mudança farão com que a sua marca seja mais competitiva e cresça no mesmo ritmo do setor.
A minha dica principal, como empreendedor, é estar atento não apenas no seu negócio, mas em toda a evolução do mercado: saber onde estamos, onde queremos estar e onde podemos chegar é essencial para que você consiga estar preparado para surfar uma onda que, acredite ou não, só irá aumentar a cada ano. Para finalizar, nunca esqueça aquela famosa frase da Oprah Winfrey: sorte é estar pronto para quando a oportunidade chegar.
Seja sortudo!
Cláudio Dias é CEO e sócio-fundador do Magis5.