Executivos do Banco Pan, Conexa, Finansytech e Semantix debatem os rumos de um novo mindset em vários segmentos puxado pelo open finance
Os movimentos disruptivos proporcionados pelo Banco Central, tendo como exemplos o Pix e o open finance, vêm ecoando por outros ecossistemas, impulsionando uma nova cultura de compartilhamento de dados, que tende a favorecer usuários e clientes. Na dianteira com seus processos de experimentações, correções de rumos e ganhando maturidade, o segmento financeiro acaba sendo o vetor para que verticais como saúde – onde a dispersão de dados se mostra ainda mais danosa à população – e outras mergulhem nesse novo mindset de integração de informações, conforme puderam detalhar, hoje (20), Camila Fonseca, gerente executiva de ciência de dados no Banco Pan, Danillo Branco, CEO da Finansystech, Daniel Vieira, CTO da Conexa, e João Paulo Tavares, diretor de engenharia de soluções e vendas na Semantix, ao participarem da 799ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Dando a largada na troca de reflexões, João Paulo chamou a atenção para a imensidão de possibilidades que pode representar o universo open e destacou que, pela maturidade que já vem alcançando nesse novo mundo, o ecossistema financeiro deverá estar à frente, abrindo caminho para os demais setores. Na sua avaliação, vários outros mercados já entenderam o quanto o bom trabalho em relação ao trato das informações favorece o consumidor e a cultura em geral. Como exemplos, citou o mercado da saúde, cuja dinâmica de compartilhamento de dados entre instituições, médicos e pacientes será cada vez mais valiosa para bons resultados, e o mercado varejista, “que vem surfando, positivamente, na onda do open finance, pois com essa integração, consegue-se uma visão 360º dos clientes, melhorando e personalizando as experiências”.
Depois de João realçar a importância da tecnologia ao capacitar os mercados para avançar nesse novo mundo, foi a vez de Danilo comentar o movimento do segmento varejista, que vem atuando também na vertical financeira. Graças ao cenário trazido pelo open finance, esse setor pode explorar essa vantagem sem se tornar um banco de verdade, sujeito às questões regulatórias envolvidas no setor. “Há um destravamento dos produtos financeiros, abrindo caminho para inovações e entrada de novos players, ampliando o leque de soluções em produtos e serviços que beneficiam não só os consumidores como indivíduos, mas a própria sociedade.” Nesse sentido, ele acredita que esse movimento tende a atrair cada vez mais players não só na saúde, como também em telecomunicações, utilities, etc., com um compartilhamento de dados que irá integrar cada vez mais todas as verticais.
Concordando com as análises anteriores, Camila colocou em relevo o quanto essa cultura que leva a uma perspectiva open só tende a crescer, pontuando a complexidade que ainda há na disseminação e no entendimento, principalmente quanto ao que vem a ser o open finance. Ela citou como exemplo o fato de um banco, por cautela, exigir uma senha para que haja consentimento para compartilhamento de dados, gerando sempre estranhamento por parte dos que ainda estão pouco informados sobre o assunto. “O mais relevante e difícil é levar a população a compreender a proposta de valor que o open finance traz para o cliente. Diferentemente do Pix, cujas vantagens são mais evidentes, os cases de open finance – expansão das concessões de crédito, maior personalização no relacionamento, etc. – ainda estão em fase de experimentação. O avanço é bem mais lento nesse sentido em todo o ecossistema financeiro.” A executiva ainda descreveu a transformação provocada por essa nova cultura na competitividade dentro do segmento, vendo tudo isso com uma perspectiva muito otimista.
Ao passo que Daniel, antes de mergulhar no open health, contextualizou a movimentação pela qual o segmento de saúde vem passando. “Assim como existe uma dinâmica de varejistas se tornando bancos, é possível ver operadoras de saúde sendo adquiridas por redes hospitalares, operadoras verticalizadas se unindo, etc., tudo girando em torno da obtenção de dados que redundam em redução de custos, em um mercado complexo e praticamente sem limites.” Depois de descrever três pontos que considera críticos no setor – excesso de gastos e desperdícios globais, falta de precisão e falta de propósito –, ele opinou que o modelo de open health pode ajudar nesse cenário, pois, com o compartilhamento de dados, haverá mais racionalidade e menos desperdício, além do direcionamento dos cuidados para quem mais precisa deles. Além disso, irá corrigir um panorama de baixíssima integração das informações dentro do ecossistema do setor. Segundo ele, a ANS – Agência Nacional da Saúde já está trabalhando na correção desses rumos, sendo ajudada até pelo Bacen, com sua expertise nesse assunto. “É apenas o começo da imprescindível mudança de mindset de confiabilidade mútua para compartilhamento de dados no segmento.”
Houve tempo ainda para os debatedores responderem a questões vindas da audiência sobre o futuro dessa cultura, o engajamento dos clientes, entre muitos outros temas. O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 798 lives realizadas desde março de 2020, em um acervo que já alcança 2,5 mil vídeos sobre cultura cliente. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA retorna, na segunda-feira (23), com uma live especial comemorando 800 edições, recebendo Cezar Taurion, Chief Strategy Officer da Redcore, Beatriz Nóbrega, mentora, palestrante, CRHO as a Service, Conselheira Consultiva de Pessoas e Cultura, Rafael Lindemeyer, diretor sênior de clientes na Ipsos, Tatiana Rhinow, sócia e diretora de experiência do aluno na Cogna, e João Torniero, diretor comercial da CSU.DX, para um bate-papo sobre as transformações na atividade de cultura cliente nos últimos três anos.