Edison Tamascia

Preço é decisivo para público 50+ nas farmácias, mas fidelidade prevalece

Estudo do Ifepec mostra que mercado voltado para o público sênior está ganhando cada vez mais relevância em diferentes segmentos da economia

A edição de 2024 do “Estudo do Mercado Sênior” realizado pelo Ifepec – Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa, em parceria com o Neit – Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Unicamp, revelou que o critério mais importante para 91% dos entrevistados ao escolher uma farmácia é o preço dos produtos. Isso demonstra a sensibilidade desse público em relação aos custos, especialmente considerando que muitos têm a aposentadoria como a principal fonte de renda. Entretanto, apesar de 85,8% dos entrevistados afirmarem que pesquisam preços em outras farmácias, a fidelidade aos estabelecimentos preferidos se manteve forte. A pesquisa revelou que 61,4% dos consumidores compram medicamentos quase sempre na mesma farmácia, enquanto 30% compram sempre no mesmo local.

Foram entrevistados 2.200 consumidores e 300 cuidadores de idosos de todas as regiões do Brasil e Edison Tamascia, presidente da Febrafar, destacou a importância crescente dessa parcela da população para as farmácias. “Esse público, além de crescer em número, está consumindo cada vez mais nas farmácias. Estas, por sua vez, devem se adaptar para atender esse público, o que impacta diretamente nas estratégias de venda”.

Aposentadoria e SUS

O estudo indica que 36,9% dos consumidores acima de 50 anos dependem da aposentadoria, enquanto 21,1% ainda estão envolvidos em atividades informais remuneradas e 19,3% são empregados do setor privado. Essa preocupação com o preço é compreensível, dado que 67,7% dos entrevistados afirmam pagar por seus próprios medicamentos, enquanto 28,1% dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do Programa Farmácia Popular para ter acesso aos remédios. As despesas com medicamentos tornam-se ainda mais relevantes, já que 73,3% dessa população lida com pelo menos uma doença crônica, como hipertensão (54,1%), diabetes (24,2%) ou colesterol alto (19,3%).

Além do preço, outros critérios também influenciam a escolha da farmácia. Cerca de 60,1% dos entrevistados consideram a localização um fator importante, seguido por disponibilidade de estoque (54,4%), estacionamento (52,9%), participação no programa Farmácia Popular (43,6%) e a qualidade do atendimento (39,2%).

Desafios com a gestão de medicamentos 

Um dado preocupante revelado pelo estudo é que 48,1% dos entrevistados mencionaram ter dificuldade para lidar com seus medicamentos. Entre as principais dificuldades estão a leitura das embalagens (25,3%), cumprimento dos horários (17,3%) e partir comprimidos (14,9%).

A pesquisa também trouxe à tona que 45% dos entrevistados afirmam praticar alguma atividade física, sendo a caminhada a prática mais popular. Esse dado sugere uma conscientização maior sobre a importância da saúde e prevenção, ainda que a maioria dos entrevistados já conviva com doenças crônicas.

Ascensão do digital 

Em relação aos hábitos de compra, o estudo mostra que, embora a maioria dos consumidores (86,6%) ainda prefira realizar suas compras presencialmente, vem ocorrendo uma ligeira migração para o ambiente digital: cerca de 17,5% dos entrevistados mencionaram utilizar o WhatsApp para realizar pedidos e 8,7% utilizam aplicativos de farmácias. Esse crescimento, embora ainda tímido, representa uma mudança de comportamento quando comparado aos dados de 2020, quando o uso de plataformas digitais para compras era menor.

Os dados da pesquisa deixam claro que o público 50+ representa uma fatia significativa e estratégica do mercado farmacêutico no Brasil. Com uma população em envelhecimento e uma demanda crescente por medicamentos e serviços de saúde, as farmácias precisam estar cada vez mais preparadas para atender às necessidades desse grupo.

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