Autor: André Coutinho
Uma das mudanças provocadas pela pandemia está na necessidade de as organizações repensarem o espaço físico com o objetivo de contemplarem demandas de saúde com operações e negócios.
Nesse sentido, um dos vetores mais relevantes em discussão é a relação entre espaço e experiência. Significa que os ambientes físicos serão reconsiderados, pois, tanto clientes quanto colaboradores, estão priorizando visitas essenciais, buscando segurança sanitária e interfaces sem contato.
Em termos de rentabilidade e investimentos, essa economia espacial, combinada com restrições de capacidade, deve impulsionar o reequilíbrio das carteiras imobiliárias e provocar reflexões sobre as maneiras pelas quais o espaço pode ser usado para gerar valor.
O escritório, que era praticamente obrigatório para as organizações, passa a se tornar um espaço para o relacionamento com clientes, a preservação da cultura corporativa e a integração pessoal das equipes. A situação parece consolidada, e só mudará se as pessoas passarem a ter, no ambiente físico, melhores experiências que as aprendidas durante a pandemia.
Nesse cenário, há subtemas que predominam: repensar o físico, com considerações sobre os usos alternativos do espaço; saúde e segurança em primeiro lugar, muito relacionada com prevenção e proteção; serviços pessoais, com redefinição de espaços para criar valor agregado; economia espacial, com racionalização no uso de imóveis para as finanças se beneficiarem; e interfaces sem contato, com integração da tecnologia para viabilizá-las.
É uma realidade que impõe questões emergentes que precisarão ser respondidas pelas organizações. Sobre espaço físico, importante determinar como elas planejam se reestruturar e ajustar layouts que contribuam para manter o distanciamento social e elevar os padrões de higiene e limpeza.
Na relação das empresas com consumidores, a preocupação é como elas planejam equilibrar as experiências pessoais e a segurança. Em termos tecnológicos, é necessário avaliar se elas estão investindo em tecnologia para aumentar a automação e os recursos sem contato nos seus espaços e, na operação, o importante é saber se elas estão planejando adotar modelos operacionais híbridos e como aumentar as operações remotas para reduzir riscos.
O fato é que a pandemia criou um novo padrão para espaços físicos e as indústrias devem evoluir para atender às novas percepções dos clientes.
Assim que a economia se recuperar e a pandemia se estabilizar, as organizações devem incorporar os novos modelos de gestão, tecnologias de automação e, o máximo possível, interações sem contato.
André Coutinho é sócio-líder de Advisory da KPMG no Brasil e na América do Sul.