Varejo em alta
As vendas no comércio varejista registraram alta de 10,4% em comparação ao mesmo mês do ano passado, na região metropolitana de São Paulo. No resultado acumulado no ano, há crescimento de 7,1% no faturamento real, em relação aos primeiros cinco meses de 2004, segundo os dados PCCV (Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista), apurados pela Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). Assim, maio – tradicionalmente o melhor período para o comércio no primeiro semestre, por conta do Dia das Mães – marcou o segundo melhor desempenho, atrás de março, quando as vendas ficaram 13,83% acima do mesmo mês de 2004, com a Páscoa.
O desempenho de maio reflete especialmente o resultado dos setores ligados ao comércio automotivo. Nos cinco primeiros meses de 2005, as concessionárias de veículos e o setor de autopeças e acessórios registram aumento real de quase 40% no faturamento. E o fator que motivou esse cenário foi a oferta de crédito sem precedentes destinada a essa modalidade de financiamento. Não fossem esses setores, o índice acumulado de crescimento do varejo passaria de 7,1% para cerca de 3% nesses cinco meses iniciais de 2005, calcula a Fecomercio a partir dos dados da PCCV.
Em maio, outros setores que se destacaram foram os de lojas de vestuário, tecidos e calçados, o de farmácias e perfumarias e o de lojas de eletrodomésticos. Todas eles registraram taxas de crescimento superiores a 10% em relação ao mesmo mês do ano passado.
“O resultado de maio reforça a tendência verificada nos últimos meses, em que notamos o crescimento de vendas muito concentrado nos setores dependentes da oferta de crédito, como o de bens duráveis”, avalia o presidente da Fecomercio, Abram Szajman. “Tanto que há retração nos setores em que a renda e o salário são fundamentais, como o de supermercados”, completa Szajman. Nos supermercados, à exceção do mês de março, as vendas vêm registrando quedas mensais sistemáticas desde dezembro.
Na avaliação da Fecomercio, o modelo de manutenção das vendas internas baseado apenas na elevação da oferta de crédito, sem a correspondente contrapartida em termos de aumento do emprego e da renda, não é capaz de prover sustentabilidade ao crescimento. Isso porque esse quadro levaria inevitavelmente a uma expansão preocupante do nível de endividamento e da inadimplência do consumidor, conforme a Fecomercio vem alertando.
Outra pesquisa da Fecomercio, a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) mostra que, no início de junho, dentre os consumidores endividados, 52% estavam inadimplentes, o maior índice apurado desde o início da série. Na raiz desse processo, segundo analisa da Fecomercio, está a forte expansão do crédito sem o equivalente aumento no nível da renda. O IBGE mostra em maio uma queda de quase 1% no rendimento médio das pessoas ocupadas em São Paulo, em comparação ao mesmo mês de 2004, e, pelo segundo mês consecutivo, uma redução mensal na remuneração dos empregados, a despeito de discreta melhoria no nível de ocupação.