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Web 2.0: há um modelo de negócios?

Discorrer sobre as mudanças pelas quais a Internet passou nos últimos anos incorre na análise de alguns fatos incontestáveis: a banda larga se expandiu e se popularizou, graças, sobretudo, à diminuição dos preços das tecnologias de acesso. As previsões indicam que, em 2008, deverão ser cerca de 400 milhões de assinantes de Internet de alta velocidade em todo o mundo.
Outro ponto inquestionável: a evolução não ficou restrita às redes de telecomunicações. Os usuários foram ao longo do tempo experimentando novas maneiras de interagirem entre si, fazendo com que conceitos voltados à colaboração, auto-expressão e liberdade de criação fossem gradativamente ganhando força e pavimentando o cenário para o surgimento do que hoje denominamos Web 2.0. As comunidades de software livre embutiam desde seus primórdios o princípio que foi chamado de “sabedoria das multidões”, indicando a criação de modo conjunto, capaz de unir pessoas e derrubar barreiras geográficas.
É certo que a Internet “antiga” já trazia princípios de colaboração e ideais libertários, mas o que caracteriza a fase atual é a percepção em massa de que os internautas não mais se contentam em simplesmente receber passivamente conteúdo pela rede. Todos querem se sentir um pouco responsáveis, repórteres de seu cotidiano.
Essa nova forma de participação representa uma mudança de paradigma não só por seus impactos culturais na sociedade, mas também porque implica uma adequação dos grandes players de mídia e conteúdo. Ou seja, implica a necessidade de formação de outro modelo de negócios, capaz de atender aos novos interesses dos usuários de Internet.
Seria então a Web 2.0 uma inovação disruptiva, que provoca uma total ruptura no antigo modelo e favorece o aparecimento de novos competidores? Bem, seria ingenuidade acreditar que grandes empresas estabelecidas vão morrer do dia para noite, mas também é fato que empreendimentos jovens, que já nascem nesse novo ambiente, são capazes de assimilar desde sua criação os princípios da Web 2.0, atendendo consequentemente aos anseios das novas gerações com mais rapidez. Uma coisa que os grandes players parecem não ter aprendido ainda é que, na lógica da Web 2.0, não cabe nenhum tipo de restrição ou limitação ao desejo de criar.
Além do mais, grandes estruturas têm mais dificuldade para se mover e acompanhar as tendências. O exemplo da indústria fonográfica, que levou um tempo precioso para se dar conta de que a distribuição de música pela Internet era um fenômeno irreversível, ilustra claramente a dificuldade dos grandes blocos de se antecipar e se preparar para mudanças comportamentais.
Voltando ao tema Web 2.0, tem crescido no Brasil e no mundo o número de sites com princípios de colaboração, aumentando também o número de adeptos. Exemplos não faltam: o MySpace possui mais de 100 milhões de usuários e é o site mais acessado do mundo, junto com o Google; o Linkedin, comunidade profissional americana, obteve diversas rodadas de investimento e despertou interesse de compra de várias empresas (como o Yahoo); o Facebook, comunidade americana para universitários, chegou a ser avaliada recentemente em mais de US$ 1,5 bilhão; o Xing, comunidade profissional européia, recentemente abriu o capital, recebendo cerca de 35 milhões de euros; a ViaDeo, comunidade profissional francesa, acaba de receber 5 milhões de euros da AGF Venture Capital.
Como não poderia deixar de ser, o movimento tem atraído a atenção de investidores de capital de risco, dispostos a apostar em boas idéias que tenham visibilidade significativa na rede. A Web 2.0 é mais que um emaranhado de projetos idealizados por empreendedores jovens e idealistas. Ela quer ser também um modelo de negócios rentável.
Alguns anos após a Bolha da Internet, quando muito dinheiro foi desperdiçado em empresas mirabolantes, o que hoje se vê é um rigor muito maior imposto aos novos projetos de Internet, no sentido de provarem que apresentam conceitos econômicos bem fundamentados, diferencial e potencial de crescimento. Cabe, portanto, aos investidores, o papel de selecionar os negócios que são realmente promissores. Eles, com certeza, não querem repetir os erros do passado e torrar seus milhões em um projeto que não demonstre a segurança necessária.
Mas, afinal, como ganhar dinheiro com a Web 2.0? A mesma pergunta que se fazia aos idealizadores das comunidades de software livre agora é repassada aos novos empreendimentos da Web 2.0. Como a imposição de uma fórmula única é sempre algo perigoso, a melhor resposta talvez seja dizer que cada empresa precisa conhecer a fundo seu negócio, em todas as suas nuances, para estabelecer um modelo que seja rentável. Atrair grandes audiências para daí buscar publicidade continua sendo uma aposta que dá resultados. A cobrança por assinaturas “premium” também é um caminho conhecido. De que modo fazer isso é o desafio que cada empresa vai ter que descobrir.
Renato Shirakashi é um dos criadores do Via6, site de relacionamento profissional que conecta representantes das mais diferentes áreas.

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