Lucas Brossi, sócio da Bain e head da prática de advanced analytics da consultoria na América do Sul

Consumidores brasileiros adotam IA com mais frequência que norte-americanos

Pesquisa da Bain & Company revela os cinco perfis principais de usuários de inteligência artificial no varejo

Um novo estudo da Bain & Company revela que a inteligência artificial está se tornando um elemento central na experiência de compra, com o consumidor brasileiro demonstrando uma rápida adoção da tecnologia. A pesquisa explora os diferentes perfis de usuários de IA e suas motivações, oferecendo insights para varejistas. “A IA generativa tem o potencial de transformar a experiência do cliente e otimizar as operações no varejo, mas o sucesso depende de uma estratégia de dados bem definida e de uma cultura que valorize a inovação,” afirma Lucas Brossi, sócio da Bain e líder da prática de Inteligência Artificial na América do Sul.

De acordo com o levantamento, 95% das companhias nos EUA e na Europa já utilizam inteligência artificial generativa. No entanto, entre os consumidores desses países, apenas 35% afirmam usufruir da tecnologia – muitos, possivelmente, interagem com a ferramenta, mesmo sem saber. Já no Brasil, 62% dos consumidores declaram utilizar IA, dos quais 18% relatam fazer isso com frequência. A principal motivação dos brasileiros é a praticidade: 64% dizem que a IA facilita tarefas do dia a dia; 55% acreditam que ela pode gerar novas oportunidades de trabalho; 49% consideram que os benefícios superam os riscos.

O estudo identificou cinco perfis distintos de consumidores de IA, de entusiastas a rejeitadores convictos.

Usuários ativos:

– Entusiastas (19%): usam IA várias vezes por semana, com foco em produtividade, solução de problemas e apoio em tarefas como escrita e pesquisa;

– Usuários ocasionais (12%): utilizam com menor frequência, geralmente para aprender algo novo ou se divertir.

Não usuários:

– Exploradores emergentes (10%): são abertos ao uso, com percepção neutra ou positiva sobre a tecnologia;

– Curiosos cautelosos (32%): demonstram interesse, mas hesitam por insegurança ou falta de familiaridade;

– Rejeitadores convictos (17%): têm postura negativa e não pretendem usar IA.

A pesquisa mostra que mesmo entre os que não se consideram usuários, muitos já interagem com IA sem se dar conta – em assistentes virtuais, chatbots e corretores automáticos de texto. Entre os exploradores emergentes, por exemplo, 66% já utilizaram alguma interface de IA sem perceber.

Entre entusiastas e usuários ocasionais, os usos mais frequentes da IA estão relacionados à produtividade e criatividade. As principais aplicações são:

– Pesquisa e resumo de informações: 75% dos entusiastas e 59% dos usuários ocasionais;

– Assistência na escrita: 65% e 53%, respectivamente;

– Escrita criativa: 57% (entusiastas) e 41% (usuários ocasionais);

– Acesso a informações atualizadas, edição de imagens e recomendações de compra também aparecem com destaque.

“Observamos uma relação direta entre os entusiastas e o uso de dispositivos com IA incorporada, como óculos, pingentes e anéis. Somente nos Estados Unidos, por exemplo, 5% dos adultos já usavam produtos wearables no fim de 2024. Nossa projeção é de que esse número chegue a quadruplicar até o fim de 2025”, completa Brossi.

Já entre os não usuários da tecnologia, os principais entraves são a falta de confiança e a preferência por executar tarefas manualmente. Cerca de 34% afirmam preferir executar as tarefas por conta própria, 30% apontam preocupações com privacidade de dados e 26% desconfiam da precisão das respostas da IA. No Brasil, os principais motivos para não aderirem à IA foram a falta de confiança em compartilhar dados pessoais (47%), sentimento de despreparo para utilizar a tecnologia (44%) e o temor de ser substituído por ela (40%).

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