É muito comum empresas utilizarem suas próprias regras para concessão de crédito, já que é uma forma de garantir segurança no pagamento do cliente. Isso acontece muitas vezes para evitar empréstimo de recursos financeiros para clientes que possuem características que mostram o risco de tornarem-se inadimplentes, segundo Marcos Crivelaro, professor de matemática financeira da Fiap, Faculdade de Informática e Administração Paulista. “Essas determinações extras auxiliam na definição do perfil de cliente. Por exemplo, privilegiar funcionários públicos, aposentados, funcionários de determinados sindicatos ou moradores de determinada região geográfica”, afirma.
No entanto, Crivelaro comenta que, se aprovada, a nova proposta atualmente discutida na Câmara dos Deputados, que pretende proibir as instituições financeiras de criar exigências para a concessão, pode resultar num cenário negativo da inadimplência. “As empresas concedentes de crédito podem ter um aumento no número de clientes com prestações em atraso ou inadimplentes. Isso pode gerar um maior esforço e um maior número de funcionários dedicados a negociações e realização de acordos de renegociação de dívidas”, explica.
Por outro, entretanto, o professor confessa que o excesso de exigências pode causar problemas de ordem familiar e social, já que, em alguns casos, a pessoa que recorre do crédito pode estar fragilizada. “A rejeição da concessão de um empréstimo por causa de cláusulas contratuais extras pode ter uma conotação de desprezo e de discriminação”, diz.