Autor: Luciano Duarte Peres
Vivemos um momento de extrema expectativa no cenário econômico e político do país, motivado por um momento de dúvidas e indefinições. No aspecto político o momento é de incerteza quanto ao panorama eleitoral, já que não há ainda uma perspectiva bastante clara de quem serão todos os candidatos e seus planos de governo. Do ponto de vista econômico, o Brasil passa também por uma situação de indefinições. Hoje o brasileiro está submetido a uma das mais elevadas cargas tributárias do mundo, sem, contudo, ter a contraprestação, e isso pode ser constatado com a falta de segurança generalizada, precariedade dos serviços de saúde pública, falta de investimentos na infraestrutura para o desenvolvimento econômico da indústria, entre outros.
A política econômica do Brasil, fomentada pelo Governo Federal, é baseada, essencialmente, na estimulação crescente do consumo, de maneira que desta forma, acredita, estaria proporcionando o aumento da arrecadação tributária. Mas de nada adianta tal estímulo se pouco é feito para que a indústria cresça, principalmente no tocante aos investimentos na infraestrutura, tais como estradas, ferrovias, portos, e principalmente, no sistema energético, que está com os dias contatos para entrar em colapso, dizem os especialistas.
Diante dessas realidades, o mercado se retrai e a economia deixa de crescer, aumentando-se o desemprego, a queda no consumo e o endividamento da população. Aliado a esses cenários já mapeados, também vivemos um momento muito especial no país: a Copa. A Copa é uma festividade e de certa forma está influenciando de maneira direta na economia do país. É notório que com os jogos há um desaquecimento da economia com a queda do consumo. O brasileiro é um admirador nato do futebol, e como tal, está dedicando boa parte de seu tempo para acompanhar os jogos, de maneira que parou de consumir. Lojas e supermercados, nos dias de jogos, em especial da seleção brasileira, ficam fechados.
A queda no consumo tem como consequência um efeito cascata, na medida em que o empresário deixa de comprar do fornecedor, contém gastos e para isto demite empregados, refletindo mais uma vez na economia. Os empregos estão cada dia mais estabilizados, por medo de uma retração generalizada, as pessoas mais uma vez evitam gastos desnecessários, pois não sabem quando terão uma nova fonte de renda, criando mais uma bola de neve.
A realização da Copa dá uma visibilidade bastante importante para o Brasil, mas do ponto de vista econômico, provoca uma estagnação, cujos reflexos são sentidos diretamente no dia a dia dos brasileiros, seja em relação aos empresários ou ainda a todas as classes econômicas, que ficam reféns desse momento.
Luciano Duarte Peres é especialista em direito financeiro e presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário.