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Bancos: mais rigor com troca de dívida

Trocar de dívida de banco está mais difícil. Diante de um cenário de redução da atividade econômica, aumento da inadimplência e preocupações com o cenário financeiro mundial os bancos estão mais criteriosos em aceitar transferências de débito.
 
Reflexo disso é a queda de quase 30% no volume transferido de uma instituição financeira para outra no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. A redução foi de R$ 2,8 bilhões para R$ 1,9 bilhão, segundo mostram dados do Banco Central (BC).
 
O número de operações registrou um pequeno crescimento de 3%, passando de 184.076 para 189.306 transações. E a tendência é de estabilidade ou até de queda.
 
Desde o fim de 2006 o consumidor pode fazer a portabilidade de crédito, ou seja, o cliente com uma dívida em uma instituição bancária transfere seus débitos para outro banco que ofereça uma taxa de juros mais atraente ao consumidor.
 
O banco atual não pode recusar a saída do correntista. O problema está em achar outra instituição disposta a “comprar a dívida” do consumidor.
 
“Existe um sinal amarelo e os bancos seguram o crédito, principalmente aquele direcionado para o varejo, para a pessoa física”, explica Roy Martelanc, professor da FEA/USP e do MBA Banking da FIA. De acordo com o docente da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e também presidente do Instituto Fractal, Celso Grisi, esse comportamento mais cauteloso tomado pelas instituições é resultado de uma série de fatores.
 
O primeiro é o comportamento da inadimplência. Dados da Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito, mostram um aumento de 23,4% da inadimplência no acumulado dos oito primeiros meses de 2011 em comparação com o mesmo período do ano passado.
 
Também contribuem para o aperto do crédito a redução da atividade econômica, o cenário externo turbulento, a queda na criação de empregos, a renda familiar comprometida e a alta da inflação, que anula parte dos ganhos do trabalhador.
 
“Se o consumidor quer renegociar uma dívida, isso já é um sinal que ele está com alguma dificuldade. Qual a motivação para um banco aceitar essa dívida?”, questiona o professor do Insper Otto Nogami.
 
A situação atual é bem diferente da de 2010, quando as instituições disputavam participação no mercado e buscavam maneiras de conquistar novos clientes. “No ano passado, os bancos tinham excesso de liquidez e resolveram investir em operações com certos riscos”, completa Nogami.
 
O consumidor que está disposto a tentar fazer a portabilidade precisa convencer o futuro credor de que é um potencial cliente. No Banco do Brasil, por exemplo, é possível fazer a portabilidade bancária em todas as linhas de crédito, desde que o correntista não tenha restrições, esteja com cadastro atualizado, limite de crédito vigente e margem disponível.
 
Na avaliação da economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a portabilidade é mais frequente para o crédito consignado, cujas taxas de juros são mais baixas – em torno de 2% ao mês.
 
Já o crédito imobiliário exige cautela porque a portabilidade envolve outros serviços, como certidões de cartório de imóveis, que em caso de troca de banco precisam ser emitidos novamente, originando um custo adicional.
 
Fonte: Jornal da Tarde – SP

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