Cai a rentabilidade dos bancos com cartões



O uso de cartões para pagamentos de compras no Brasil rendeu aos bancos um lucro bruto de R$ 14,5 bilhões em 2011. O valor representa 23% do lucro bruto total obtido pelos bancos no ano passado. A informação faz parte de um estudo divulgado pela Boanerges & Cia, consultoria em varejo financeiro, com base nas informações mais recentes do Banco Central. O trabalho demonstra que a lucratividade dos bancos neste segmento é correspondente a 2,39% dos cerca de R$ 607 bilhões movimentados no país durante os 12 meses do ano passado com o uso dos meios eletrônicos de pagamento.

 

A análise da consultoria, que abrange a movimentação no setor nos últimos sete anos (entre 2005 e 2011), revela ainda que as credenciadoras tiveram uma diminuição bastante significativa no ritmo de crescimento do seu lucro após a autorregulação ds atividades, principalmente com a quebra da exclusividade das bandeiras. Os emissores, por sua vez, observaram o mesmo efeito, mas por outro motivo: o impacto da crise econômica internacional.

 

O consultor da Boanerges & Cia, Fabricio Winter explica que estes fatores contribuíram decisivamente para uma redução da rentabilidade do setor. Segundo ele, enquanto o valor das transações cresceu a um ritmo médio de 18% ao ano entre 2005 e 2011, o lucro dos bancos evoluiu a uma velocidade média de16% no mesmo período. “Com isso, a lucratividade, que estava em um patamar de 2,69% em 2005, caiu para os 2,39% atuais. Caso esta lucratividade tivesse se mantido nos mesmos patamares de 2005, os bancos teriam lucrado R$ 16,3 bilhões em 2011 ao invés dos R$ 14,5 bilhões registrados na última medição do BC. Na prática uma quantia próxima a R$ 1,8 bilhão deixou de entrar nos cofres dos bancos”, afirma.

 

Segundo a consultoria, o credenciamento é a atividade que está enfrentando maior dificuldade em retornar aos maiores índices de lucratividade. O setor, que chegou a registrar um ritmo de crescimento anual de 36% e uma participação de quase 50% no lucro dos bancos com cartões, teve uma redução drástica, que começou a ser sentida em 2009 e praticamente parou de crescer desde então, passando a somente repetir os resultados dos anos anteriores. “O fim da exclusividade das bandeiras provocou o aumento da competitividade entre os líderes deste mercado e atraiu a entrada de novos competidores. Com isso houve a necessidade de baixar as taxas para os lojistas, reduzir os preços dos aluguéis das máquinas (POS) e aumentar a oferta de serviços, o que significa elevação do nível de despesas”, afirma o presidente da Boanerges & Cia, Boanerges Ramos Freire.

 

Já a concessão de crédito (emissão), que enfrentou dificuldades em manter o ritmo de crescimento durante os anos da crise econômica (2008 e 2009), parece ter encontrado caminhos para voltar à histórica aceleração de ganhos nos últimos dois anos. Segundo Boanerges, os efeitos da crise se manifestaram neste setor principalmente por meio de grandes perdas com inadimplência e menor crescimento do volume transacionado. Ele avalia que, passado o momento de maior dificuldade, o pagamento das faturas voltou ao ritmo normal e o uso dos cartões para compras voltou a crescer de forma acelerada.

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