Apesar desta não ser a primeira crise econômica que o País enfrenta, muitos brasileiros haviam esquecido como era a sensação de “ter a corda no pescoço” todo o final de mês. Afinal, os últimos anos foram prósperos, tanto para a economia quanto para a população que viu seu poder de compra crescer com o incentivo ao crédito. Logo, a mudança brusca desse cenário, inclusive com bancos antecipando-se a uma possível piora da situação – desta forma, restringindo o crédito -, mexeu com o perfil do consumidor. Principalmente daquele que decide, nestes tempos difíceis, tomar um empréstimo.
“A aceleração da inflação, os juros altos e a piora no mercado de trabalho derrubaram a confiança do consumidor para o nível mais baixo em 12 anos. A menor confiança vem se traduzindo em um comportamento mais cauteloso por parte do consumidor, que passa a pesquisar mais antes de comprar, diminui o consumo, adia a troca de bens duráveis e evita novas dívidas”, explica Vitor Augusto Meira França, assessor econômico da FecomercioSP. O resultado disso são consumidores que, antes recorriam ao crédito para aquisição de bens, agora buscam o empréstimo como salvação das contas mensais.
O momento é de retenção para todos. Bancos e empresas especializadas em crédito já estão fazendo uma análise mais rigorosa, enquanto os consumidores estão se atendo somente ao necessário. “Embora cautelosos, muitos consumidores parecem estar se vendo obrigados a recorrer a empréstimos não previstos para fechar o orçamento – principalmente por causa da alta de preços de bens essenciais, que diminuem o poder de compra especialmente das camadas de menor renda”, pontua França. O ponto realmente preocupante e que deve ser observado é este aumento da procura por linhas emergenciais, como o rotativo do cartão que possui juros muito mais elevados. Por meio dessa modalidade de crédito, o cliente pode sair mais endividado do que quando tentou buscar uma solução.