Dificuldade em acertar as contas

As empresas brasileiras estão com mais dificuldades para pagar suas contas. Segundo o novo indicador SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) de inadimplência da Pessoa Jurídica, lançado hoje, quarta-feira, dia 27, a quantidade de empresas com dívidas em atraso cresceu 7,11% no mês de julho, na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar da leve desaceleração em relação à alta de junho (7,80%), este é o quarto mês seguido em que o crescimento se mantém acima de 7%. Já na passagem de junho para julho, os dados do SPC Brasil mostram que houve uma ligeira aceleração e o crescimento ficou em 0,37%.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o atual cenário de estagnação da economia e custos maiores impactaram o fluxo de caixa das empresas. “O aumento do custo dos financiamentos com juros elevados, inflação no limite da meta e o ambiente de baixa atividade econômica estão impondo dificuldades à situação financeira das empresas. Além disso, a piora da confiança do consumidor e o crescimento da inadimplência da pessoa física são fatores que influenciam”, explica a economista.
Na comparação anual, a região nordeste apresentou o maior crescimento do número de pessoas jurídicas inadimplentes (9,2%), seguida pelos Estados do Norte (6,9%), Sudeste (6,3%), Centro-oeste (4,6%) e Sul (4,0%). Apesar da variação abaixo da média nacional, os Estados da região Sudeste concentram 43,29% do total de empresas com dívidas em atraso no Brasil.
A alta do número de dívidas em atraso, que ficou em 6,17% na base anual de comparação, foi puxada principalmente pelo crescimento de compromissos financeiros atrasados em que o comércio é o setor credor. O segmento respondeu por 1,8 pontos percentuais da alta total, mesma contribuição do setor de bancos e pouco à frente da indústria, que contribuiu com 1,3 pontos percentuais do crescimento global das dívidas em atraso.
Na avaliação dos economistas do SPC Brasil, o levantamento de julho denota que as empresas estão com dificuldades para pagar seus compromissos financeiros no curto prazo. Exemplo disso é que na análise das empresas com dívidas pendentes por tempo de atraso, observa-se uma perda de fôlego das dívidas atrasadas em até 90 dias. Em junho, o crescimento desta faixa de atraso estava em 17,45% e desacelerou para uma alta de 8,23% em julho. Por outro lado, as empresas com dividas em atraso de 91 a 180 dias foram as que mais crescerem na comparação anual: partindo de um crescimento de 10,37% em junho para 11,07 em julho. O movimento do indicador mostra que as dívidas estão se mantendo na base de compromissos em atraso, passando da categoria de até 90 dias para a categoria de 90 a 180 dias.

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