Autor: Marcelo Ciampolini
O mercado financeiro brasileiro está, cada vez mais, abrindo espaço para as chamadas fintechs. As empresas oferecem aproximação mais facilitada a serviços que antes eram oferecidos diretamente por instituições bancárias tradicionais. Criadas, em grande parte, por ex-executivos do mercado financeiro, visam fornecer serviços financeiros de forma mais acessível e desburocratizada. Um grande exemplo disso é a Paypal, empresa que oferece meios de pagamentos que quebram o modelo tradicional de pagamento físico, oferecendo maior facilidade nas transações e eliminando as barreiras geográficas. Criada nos Estados Unidos e com mais de 160 milhões de contas ativas, a empresa já é avaliada em cerca de US$ 52 bilhões.
Nesse mercado promissor a tendência é que as grandes multinacionais também passem a olhar para esses serviços de forma diferente, oferecendo negócios financeiros em suas plataformas, como é o caso das ferramentas de pagamentos Apple Pay, Google Wallet e Microsoft Payments. Recentemente, o Facebook lançou, só para o mercado norte-americano, o Facebook Pay, uma ferramenta que permite transferência de dinheiro grátis entre amigos dentro da própria rede.
Além disso, em junho os gigantes do setor de tecnologia Microsoft e IBM anunciaram aliança com o maior banco da Alemanha, o Deutsche Bank, para investimento em centros de pesquisas para inovação no setor bancário. Nos próximos cinco anos as empresas visam investir até um bilhão de euros nesse setor.
Em meio à escassez de recursos e altas taxas de juros, o mercado de crédito também é beneficiado pela tecnologia. Com operação mais enxuta e, em grande maioria, 100% online, as fintechs surgem desafiando os bancos comerciais ao ofertar taxas de juros mais competitivas.
Nos Estados Unidos, a Lending Club, fundada em 2011, é um exemplo disso. O modelo exercido pela empresa, conhecido como peer-2-peer lending, conecta os consumidores diretamente com investidores, sem intermediação de uma instituição financeira. Em sua oferta pública inicial de ações (IPO), a empresa captou US$ 870 milhões.
No Brasil, esse modelo está começando a ganhar força, mas com a pesada regulamentação financeira, que não permite que as pessoas emprestem dinheiro umas para as outras, há obrigatoriedade de intermédio de uma instituição bancária no processo de tomada de crédito, modelo diferente do peer-2-peer lending utilizado outros lugares do mundo, mas que consegue oferecer boas taxas para os clientes e mudar totalmente a forma de ofertar e tomar crédito no país.
Marcelo Ciampolini é CEO da Lendico.