O ano de 2015 foi complicado para a economia brasileira como um todo. Não teve uma área que escapou. Até mesmo o setor de crédito empresarial sentiu na pele os efeitos desse cenário adverso. Com índices baixos, a demanda por crédito das empresas deixou a desejar nesse ano. Segundo a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a intenção de buscar crédito dos empresários girou em torno de 12 pontos durante o ano, em uma escala que vai de zero a cem, em que, quanto mais próximo de cem, mais propensa está a empresa a tomar crédito. Alguns fatores podem explicar os baixos níveis. De acordo com Miguel de Oliveira, diretor de pesquisas econômicas da Anefac, o spread mais alto, juros elevados e o número de parcelas em queda podem estar entre as razões que levaram o ano a fechar com números baixos.
E mesmo o final de ano que costuma dar uma aquecida na demanda por crédito, em 2015 o quadro também ser diferente. Mantendo o cenário de índices ruins para o setor, os especialistas não esperam uma grande melhora. “Em 2015, a Boa Vista SCPC observou, em todas as datas comemorativas, menor intensidade do volume de vendas das empresas. A oferta de crédito, portanto, também deverá seguir a tendência já traçada até então”, observa Flavio Calife, economista da Boa Vista SCPC.
Mas, apesar de a demanda ter sido menor em 2015, o crédito empresarial continua sendo muito importante para o mercado financeiro. Tanto que essa modalidade ainda corresponde hoje à 53% do crédito concedido no mercado, de acordo com Calife. Isso se dá porque, como comenta o professor de economia e finanças do Mackenzie, José Matias Filho, o crédito é a ´mola propulsora´ para a maioria dos empreendedores. Entre as inúmeras razões que motivam as empresas a buscarem crédito, na opinião do professor, se destacam três: investimentos no negócio, necessidade de capital de giro e a necessidade de honrar compromissos financeiros. O professor ainda observa que, dado o momento da economia no país, é mais provável que as empresas que tenham buscado crédito em 2015 o tenham feito pela segunda e terceira razões.
Com isso, nota-se que o ano que está acabando não foi fácil. E parece que 2016 também vai exigir cuidado no setor de crédito corporativo. Segundo José Roberto Securato Junior, diretor da Saint Paul Advisors, a mudança ainda não virá no começo do ano que vem e a expectativa deve ficar para o final do ano, quando o mercado olhará para 2017 com mais esperança. “Será que a perspectiva muda? Será que as taxas começam a cair no fim do ano que vem?”, questiona o executivo.
Dado o cenário de crise econômica, acompanhado dos baixos índices na demanda por crédito, mesmo as empresas que o busquem no mercado, devem ter cautela no momento. “O crédito precisa ser o certo, com condições adequadas à capacidade da empresa, ao objetivo do investimento e ao cenário econômico. Também é importante a atenção ao cliente visando a adequação das linhas, caso o cliente venha a apresentar dificuldade de pagamento”, comenta Samuel Crespi, superintendente nacional de estratégia para micro e pequeno empreendedorismo da Caixa.
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