O que leva uma empresa financeira à falência?



No último dia 14 o banco Cruzeiro do Sul foi fechado pelo Banco Central, o que nos fez refletir sobre o que ldireciona uma empresa deste porte à falência. O que, de fato, leva uma instituição financeira ou empresas de crédito e cobrança a fecharem as portas? Não existe algum meio de identificar os sinais de alerta antes de chegar a uma situação irreversível?


De acordo com Myrian Lund, professora do MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria da Fundação Getulio Vargas / IBS Business School (FGV/IBS), fraudes e riscos operacionais, como créditos mal geridos, excesso de autonomia para algumas áreas, ausência de controle interno e auditoria interna independente, podem ser alguns dos aspectos que determinam este processo. “Dentre as medidas de prevenção ao colapso de uma instituição financeira está uma gestão com decisões por colegiado, com envolvimento do presidente nas questões ligadas a crédito e operações com volume significativo, alçadas para decisão, entre outras”, orienta a professora.


Outra forma de prevenção pode estar na atenção para identificar as primeiras evidências de que a gestão não vai bem. “As facilidades e elevadas taxas oferecidas pelos Bancos são o primeiro passo. Tudo que foge ao padrão do mercado tem que ser visto com cautela”, assegura Myrian Lund.


Fatores externos também devem ser levados em consideração, como a crise financeira mundial, mas, no caso do Banco Cruzeiro do Sul, não foi este o causador principal. “Neste caso não houve qualquer interferência da crise externa. Em 2008, a crise externa ocasionou falta de liquidez no sistema financeiro nacional. Os bancos se financiavam externamente. Com a fonte exaurida, muitos bancos passaram por aperto de liquidez. Nesse momento, o governo brasileiro agiu com prontidão, tomando medidas como liberação de compulsório e a emissão de novos produtos pelos bancos para captar recursos rapidamente – DPGE, Depósito a Prazo Garantido Especial, com garantia do FGC até R$ 20 milhões, o que gerou fôlego imediato para os pequenos bancos. Outros títulos derivados da crise são: LF (letra financeira), título de longo prazo muito usado por grandes instituições financeiras e LAM (Letra de Arrendamento Mercantil), possibilitando a geração de recursos para as empresas de leasing”, explica.


Para recuperar uma empresa de crédito e cobrança ou um banco que esteja à beira da falência, é preciso aporte de recursos, embora tal estratégia seja dificultada pela falta de credibilidade junto ao mercado, decorrente da situação em que se encontra. “O maior problema está associado, muitas vezes, ou, na maioria delas, a fraudes, e não apenas à má gestão, o que complica a recuperação”, evidencia. Nestes casos é possível recorrer à ajuda do governo que oferecem programas de empréstimos, sugere a professora. “Existe o Proer, programa de empréstimo, que já foi utilizado no passado. Temos também os recursos do FGC, que foram recentemente emprestados para o Banco Panamericano. Esse caso foi diferente do Cruzeiro do Sul, pois a negociação foi feita  com a participação do sócio majoritário, Silvio Santos, que também aportou recursos”, complementa e finaliza dando a dica. “Gestão profissional, com governança corporativa e limites operacionais para as diferentes áreas, além de contar com auditoria e controle interno são as melhores práticas para que as empresas de credito e cobrança, bancos, financeiras, não tenham o mesmo fim do banco Cruzeiro do Sul”.

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