Apesar de uma significativa presença feminina de 31% no empresariado varejista, os homens lideram o segmento com a fatia de 69% do setor. É o que aponta o estudo inédito do de Proteção ao Crédito, SPC, que aponta as características do empreendedor de pequeno e médio porte do varejo brasileiro.
A pesquisa mostra também que o perfil deste empresário é de um homem de 42 anos, que possui ensino médio, já trabalhou no varejo, tem faturamento bruto de até R$ 60 mil por mês, emprega familiares e não usou financiamento bancário na hora de abrir o próprio negócio.
O levantamento também aponta que 77% dos empreendedores tiveram que usar capital próprio ou pediram empréstimos aos familiares (9%) na hora de abrir o empreendimento. Do total de empresários entrevistados, apenas 7% disseram ter utilizado linhas de crédito bancário. “Apesar de toda publicidade do Governo sobre uma política de redução de juros e de direto acesso ao crédito, o resultado que chegamos é de que o empreendedor não está sendo alcançado pelo sistema financeiro nacional”, avalia o presidente da Confederação Nacional dos Lojistas, CNDL, Roque Pellizzaro.
O estudo informa que 53% dos empresários pretendem investir no negócio fazendo ampliações na loja, adquirindo maquinário e contratando mais mão de obra. Esses tipos de investimentos mostram o otimismo dos entrevistados com a economia, uma vez que 57% deles não esperam aumento da inadimplência. No entanto, mais uma vez a maioria dos varejistas afirmou que esses investimentos serão feitos exclusivamente com capital próprio.
O motivo de tanto investimento próprio, segundo a CNDL, é que o crédito oferecido pelos bancos é limitado, a burocracia é alta e os juros cobrados são caros. “Os bancos seguem um raciocínio mercadológico: preferem emprestar capital de giro a curto prazo (juros maiores) do que liberar crédito para um investimento de longo prazo (juros menores)”, analisa Roque Pellizzaro.
Para o dirigente lojista, o mecanismo deveria funcionar exatamente ao contrário, já que, de acordo com o estudo, o faturamento bruto dos varejistas é de aproximadamente R$ 60 mil por mês e 50% empregam de um a quatro funcionários por estabelecimento. “Quer dizer, a massa do varejo brasileiro é formada por empresas pequenas e simples. Uma possível solução para encorajar o acesso desses empreendedores ao crédito seria seguir o exemplo do que hoje é feito com o crédito agrícola, ou seja, deveriam ser oferecidas certas linhas de crédito desburocratizadas e obrigatórias na carteira dos bancos. Caso nada seja feito, este dinheiro não vai chegar para quem mais precisa”, avalia.
A pesquisa inédita do SPC foi realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo levou em conta dados coletados em junho de 2012 junto a comerciantes varejistas de todas as 27 capitais brasileiras.